Inovações que salvam vidas
A Medicina

Inovações que salvam vidas

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06/07/2018 09:37

A tecnologia como uma ponte para oferecer aos pacientes soluções cada vez mais personalizadas e eficientes de medicina. O futuro já é realidade – e o médico é parte intrínseca dessa história

Cprtada

Quando o americano Adam Gorlitsky, então estudante universitário de apenas 19 nos, acordou depois de um acidente de carro, descobriu que nunca mais voltaria a andar. Atleta experiente, conhecido por correr mais de um quilômetro e meio em menos de cinco minutos, teve dificuldade em aceitar sua nova condição. Mal sabia ele que, uma década depois do incidente que mudou sua vida, ganharia uma chance de recomeçar. Em 2015, ele foi escolhido como candidato a testar uma tecnologia de exoesqueleto, uma máquina que seria capaz de devolver sua capacidade de se levantar e andar. No ano seguinte, com 40 mil corredores torcendo por ele, Adam se tornou o primeiro homem paralisado a completar a Cooper River Bridge Run, a mais badalada corrida de 10 quilômetros do mundo. “Eu não me sinto incapacitado, nem fisicamente capaz. Sinto que fui recapacitado”, conta Adam. O seu objetivo agora é usar o ReWalk Robotic Exoskeletone, como é chamado o modelo de exoesqueleto de Adam, para completar uma maratona inteira. “Quero quebrar o recorde mundial estabelecido neste ano pelo meu colega ReWalker Simon Kindleysides, na Maratona de Londres”, projeta. Aqui no Brasil, outro exemplo emblemático: na abertura da Copa do Mundo de 2014, o pontapé inicial foi dado por Juliano Pinto, 29 anos, que é paraplégico. Ele vestia exoesqueleto desenvolvido por cientistas e pesquisadores de 25 nacionalidades. O projeto foi liderado pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, que, na época,  estacou a demonstração como o primeiro passo para chegar a uma alternativa viável de mobilidade a pessoas paralisadas. As duas histórias mostram como tecnologias que antes pareciam ficção científica ou parte de um futuro distante começam a ser integradas à realidade médica – e podem fazer toda a diferença na luta pela vida.

Medicina e inovação

Chefe da oncologia da Rede D’Or São Luiz e professor na Universidade de São Paulo (USP), Paulo Hoff destaca que a Medicina evoluiu rapidamente nas últimas décadas. Na década de 1980, diz ele, esse movimento de avanço já era perceptível – o conhecimento médico duplicava a cada sete anos. “Agora, vivemos uma realidade em que esse processo acontece praticamente a cada seis meses”, destaca. Hoff entende que isso gera desafios para o médico, já que é difícil se manter atualizado com o volume de informações novas produzidas a cada dia. Por outro lado, são inúmeras as possibilidades e perspectivas para o futuro – algumas mais próximas do que se pode imaginar. “Eu não me sinto incapacitado, nem fisicamente capaz. Sinto que fui recapacitado." ADAM GORLITSKY

Robotização

  credito_GreggLambtonCarr (3)   O Brasil tem, hoje, um número grande de robôs instalados para auxílio de tratamentos cirúrgicos. Essas tecnologias estão em expansão e são desenvolvidas para auxiliar a Medicina como um todo: na radioterapia, nos laboratórios de análises clínicas, em laboratórios de imagem, em cirurgia. Na prática, o robô desempenha o papel de assistente do médico. Ele melhora a visualização de exames, facilita o acesso a regiões complexas do corpo humano e minimiza danos aos pacientes, a partir de cirurgias menos invasivas e radioterapia localizada. Os avanços chegam ao desenvolvimento do exoesqueleto, como é o caso de Adam. Segundo o americano explica, ao entrar na estrutura ele aciona o modo de espera no relógio que usa no pulso (funciona como o “cérebro” da tecnologia). Ao pressionar o próximo botão, o modo andar é ativado. Em seguida, o jovem faz um leve movimento para frente, que é captado por um sensor. Pronto, a caminhada inicia. “É a epítome do homem que encontra a máquina”, resume o americano. Para Hoff, essa é uma das grandes apostas da tecnologia, em que os robôs ajudam a melhorar a funcionalidade de seres humanos com problemas de medula, a partir do aumento da capacidade física. “A cirurgia robótica se propagará em menos de 20 anos. O binômio Medicina e robótica veio para ficar”, afirma.  

Nanotecnologia

shutterstock_728315221   A nanotecnologia é mais uma aposta na direção de transformar diagnósticos e tratamentos de doenças. Engloba pesquisa e desenvolvimento de equipamentos para a manipulação de estruturas em escala atômica e molecular, como forma de criar ovos materiais e processos, com características funcionais diferentes dos materiais existentes. Para se ter uma noção dessa escala, um nanômetro é 100 mil vezes menor que a espessura de um fio de cabelo. Na Medicina, essa tecnologia produz diagnósticos mais precisos e seguros, assim como trata diretamente as células doentes, preservando as sadias. Alguns exemplos são dispositivos para distribuição de fármacos no interior do corpo humano e nanorobôs cirúrgicos, capazes de realizar o tratamento de enfermidades ou lesões traumáticas em nível molecular e em revestimentos de próteses.

Inteligência artificial na avaliação de imagens

  shutterstock_382154677 Esqueça aquela teoria alarmista que supõe a substituição do médico pela tecnologia. Como mostra a própria história da Medicina, os avanços surgem como aliados. No horizonte, a possibilidade de otimizar o tempo, às vezes tão curto. Hoje, por exemplo, já existem programas de computador que, através do aprendizado de máquinas, conseguem ler imagens e interpretá-las. “A inteligência artificial avançou muito, mas não a ponto de substituir o raciocínio humano. O próprio robô da cirurgia é assistente ao cirurgião, ele não substitui. Apenas assiste no procedimento”, salientou Hoff. Ou seja, embora o computador possa fornecer informações sobre o que está acontecendo com o paciente, caberá ao médico discutir os problemas de saúde, bem como as possíveis soluções. “A inteligência artificial avançou muito, mas não a ponto de substituir o raciocínio humano." PAULO HOFF, CHEFE DA ONCOLOGIA DA REDE D’OR SÃO LUIZ E PROFESSOR USP  

Imunoterapia

shutterstock_188654237 Pesquisas têm constatado que grande parte das doenças carregam forte componente genético - tanto no sentido hereditário, quanto pelo resultado de alguma anomalia. Assim, a genética passa a ser cada vez mais decisiva no entendimento das doenças. Um dos exemplos é a imunoterapia, que trabalha no fortalecimento do sistema imunológico como forma de combater infecções e doenças. No caso específico do câncer, que ainda suscita dúvidas insistentes de pesquisadores e médicos, a novidade é considerada uma revolução. As drogas utilizadas não miram o câncer, em si, mas a capacidade do corpo em detectá-lo e agredi-lo. O desafio agora é ampliar as possibilidades de uso e realizar estudos focados que ajudem a identificar quem pode tirar mais proveito do tratamento.  

Big data

shutterstock_612800822 Com o avanço da tecnologia, também aumenta de maneira exponencial a quantidade de dados gerados. A digitalização do prontuário é só um exemplo: fica muito mais fácil acumular essas informações do que quando tudo era feito manualmente. Uma das vantagens é o avanço na individualização dos processos médicos. “Hoje, nós sabemos que dois casos de câncer de mama podem ser absolutamente diferentes, ainda que ocorram em duas mulheres de mesma idade, aparência e hábitos”, explica Hoff. Na prática, essa característica cria dificuldade em gerar informações confiáveis, que agreguem pacientes com características muito semelhantes no desenvolvimento da doença. Com o big data, ressalta o oncologista, cria-se a capacidade de juntar dados de milhares de instituições ao mesmo tempo, o que aumenta as chances de determinar o tratamento mais eficiente para cada situação.  

Impressão 3D

shutterstock_372477139   As possibilidades de aplicação na área médica são inúmeras – e já são parte da realidade. Hoje, por exemplo, existe a fabricação de pequenos objetos de resina que uma impressora coloca em suas mãos em questão de minutos. Com essa tecnologia, é possível também produzir próteses personalizadas a um custo razoável. Estão em desenvolvimento ainda estudos de modelos de órgãos que, utilizando como base as células do corpo do paciente, criam o órgão desejado. Além de diminuir as chances de rejeição, um dos principais problemas hoje em dia, a possibilidade abre caminho para reduzir a espera na fila de transplante. Com o auxílio da biotecnologia, a impressão 3D já produz também tecidos como músculos, cartilagens e ossos. Embora não sejam iguais aos originais, recebem características similares, como textura, resistência e flexibilidade. Está em teste também a impressão de pele, com capacidade de reproduzir células epiteliais, principalmente em pessoas com queimaduras de terceiro grau. E a impressão 3D na Medicina não para por aí. Você já imaginou precisar de um medicamento e ir até a farmácia pedir a impressão do remédio solicitado? Mais uma das possibilidades que se colocam no horizonte.    
Tags: Nanotecnologia Inteligência artificial Imunoterapia Big data Impressão 3D Robotização

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