A gestão precária do sistema de saúde municipal em Porto Alegre – que parece fomentar o desmonte de sua rede de atendimento para legitimar o processo de terceirização já em curso – ocasionou uma situação de alto risco na madrugada da última sexta-feira (17/5) no Pronto Atendimento (PA) Bom Jesus. Superlotada, a unidade abrigava pacientes em macas improvisadas e acomodados nos corredores.
Com cinco leitos de observação, a enfermaria de adultos da unidade abrigava 20 pacientes. Já na enfermaria pediátrica, sete crianças dividiam o espaço de cinco pacientes. Ocupada por macas improvisadas como leitos, a sala vermelha da unidade estava praticamente interditada. “Se houver alguma situação de emergência esta noite não temos sequer como acessar o espaço de atendimento”, alertava um dos servidores da unidade.
“Esta é uma situação de grande risco tanto para os pacientes, que têm o atendimento prejudicado, quanto para os médicos e demais profissionais de saúde, que trabalham sob péssimas condições e podem ser responsabilizados”, lamentou o diretor do Simers Filipi Becker, que vistoriou a unidade nesta madrugada.
Além do elevado número de pacientes e da carência de estrutura, o atendimento foi prejudicado por problemas de gestão na escala dos profissionais da empresa terceirizada que atende ao PA. A falha deixou a unidade com um médico a menos por cerca de 4 horas. Ou seja: a principal medida apresentada pela Prefeitura para qualificar o atendimento na realidade tem produzido efeito contrário, ocasionando desassistência à população.
14 pacientes na fila por transferência
Além das dificuldades de estrutura, as deficiências do sistema de gerenciamento de internações da Capital agravavam a situação do PA Bom Jesus. Havia 14 pessoas com indicação de internação em outras unidades aguardando transferência. Um dos pacientes aguarda há seis dias pela remoção. Como o PA não conta com estrutura para este tipo de internação, as condições de atendimento a estes pacientes são precárias.
Mesmo os pacientes que dependiam apenas de atendimentos ambulatoriais sofriam com a falta de estrutura. A 1h30 desta sexta-feira, alguns deles já aguardavam há 15 horas pela conclusão do atendimento.
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