O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) volta a trazer à tona a urgência da reabertura do Hospital de Pronto-Socorro de Canoas (HPSC), que completa 19 anos no dia 17 de dezembro. Fundado para atender emergências e urgências de alta complexidade, o HPSC sempre foi referência para cerca de três milhões de pessoas. Entretanto, as enchentes de maio de 2024 deixaram suas instalações comprometidas, levando ao fechamento temporário, que persiste até hoje, com previsão de reabrir as portas a pleno apenas em maio do próximo ano.
Para o coordenador da Região Metropolitana do Simers, Daniel Wolff, a data que deveria ser marcada por celebrações é, na verdade, um lembrete de desafios contínuos. Médicos e outros profissionais da saúde que atuam no HPSC estão alocados no Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG) para dar continuidade ao atendimento das demandas mais graves, mas sem as mesmas condições para garantir a assistência especializada que o Pronto-Socorro sempre ofereceu. “No HNSG, a tomografia para constatar uma hemorragia grave pode levar até quatro horas, o que no HPS pode ser feito em cinco minutos após a chegada do paciente. E esse tempo pode salvar vidas”, afirma Wolff.
O diretor do Simers ainda destaca que os médicos relatam dificuldades devido à falta de regularidade nos pagamentos, uma situação que não só compromete a subsistência dos trabalhadores, mas também enfraquece a rede de atendimento na região. “A reabertura do hospital é uma questão de extrema urgência e prioridade, não apenas por ser um pilar estratégico para a saúde pública no estado, mas também pelo impacto direto na vida de milhares de pacientes, pois o hospital não é apenas um prédio. É uma estrutura indispensável para salvar vidas e que, sem funcionar, aumenta a sobrecarga nos sistemas de saúde de Canoas e cidades vizinhas, como Porto Alegre”, destaca.
Outra preocupação do Simers está com a falta de pagamento dos médicos prestadores de serviço contratados para atender na parte do HPSC reaberta em setembro, voltada a receber os casos de baixa e média complexidade. Desde a retomada, os profissionais não receberam pelo trabalho realizado e agora também estão atuando dentro do HNSG devido às obras no Pronto-Socorro.
“A crise no HPSC simboliza uma situação mais ampla que afeta o sistema público de saúde em Canoas, com hospitais enfrentando adversidades estruturais e financeiras. Vamos continuar acompanhando a situação de perto e pressionando por soluções rápidas e eficazes, enfatizando que vidas dependem do funcionamento integral do HPSC e dos demais hospitais. A saúde não pode esperar”, concluiu a entidade.
🏥 Entenda melhor a situação dos médicos no HPSC:
• Sem previsão concreta de reabertura, os médicos que estão alocados no HNSG aguardam o pagamento de outubro e o cronograma para a quitação do débito. Conforme contrato firmado entre o Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde (IHACS) e o gestor público, pagamento deve ocorrer até o dia 15 do mês subsequente ao serviço prestado;
• Médicos no regime CLT ainda não receberam a primeira parcela do 13º e os que se encontram em férias não receberam o valor proporcional do período;
• Para chamar a atenção sobre o problema, médicos chegaram a paralisar as atividades por cinco minutos a cada hora trabalhada, sem comprometer atendimento de urgência e emergência, mas foram impedidos pela Justiça de continuar a mobilização;
• A equipe terceirizada que se encontrava no prédio do HPSC reaberto e que agora também está no HNSG, não recebeu os honorários.
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