O cigarro causa uma série de problemas de saúde. Por isso, para vencer o vício é importante contar com acompanhamento médico. O pneumologista e coordenador do Ambulatório de Auxílio ao Abandono do Tabagismo do Hospital São Lucas da PUCRS, Gustavo Chatkin, ressalta que para parar de fumar é importante ter força de vontade e apoio de um profissional. “O primeiro passo é querer parar de fumar e o segundo é procurar ajuda médica”, diz.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o tabagismo é responsável por 25% das mortes por angina e infarto do miocárdio, 25% das doenças vasculares, 90% dos casos de câncer de pulmão e 30% das mortes decorrentes de outros tipos de câncer, como de boca, laringe, faringe, estômago, esôfago, colo de útero, bexiga, rim, fígado, pâncreas e leucemia. Existem outras doenças que podem ser intensificadas devido ao uso do cigarro, como aneurismas arteriais, hipertensão, úlcera do aparelho digestivo, infecções respiratórias, trombose vascular, impotência sexual masculina, osteoporose, catarata, infertilidade feminina, menopausa precoce e complicações na gravidez.
Atualmente, no Brasil, cerca de 15% a 20% da população fuma. O número de fumantes ainda é alto, mas o país já apresentou índices piores. Na década de 1980, 35% dos brasileiros fumavam. Os gaúchos têm mais motivos para se preocupar, pois Porto Alegre está entre as capitais com mais fumantes (20% a 22%). O pneumologista explica que esse número está relacionado à cultura e aos hábitos da região, que incluem o uso do palheiro e do chimarrão.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para os fumantes. Chatkin explica que na capital o paciente deve procurar o posto de saúde da sua região. “O posto encaminha para o ambulatório da PUCRS”. Segundo o especialista, os gastos do SUS com esses pacientes são altíssimos, em razão das doenças relacionadas.
No último mês, a Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados aprovou proposta para inclusão do tratamento do tabagismo entre as coberturas obrigatórias nos planos e seguros privados de assistência à saúde. De acordo com o deputado Fábio Ramalho (PMB-MG), o gasto do SUS com o tratamento de pacientes com doenças relacionadas ao tabagismo foi, em 2011, mais de R$ 20 bilhões. A medida prevê avaliação clínica, abordagem mínima ou intensiva, individual ou em grupo e terapia medicamentosa no tratamento contra o tabagismo.
A preocupação com as consequências do cigarro no organismo também existe para os mais novos. “Os jovens têm fumado bastante. Há uma mobilização cada vez maior para os jovens abandonarem o tabagismo”, destaca Chatkin. Como tentativa de diminuir o interesse desse público, a Organização Mundial da Saúde (OMS) quer que todos os países-membros classifiquem os filmes e séries que contam com cenas de fumantes como “para adultos”. Para a organização, a presença do cigarro nas produções pode influenciar os adolescentes.
Chatkin enfatiza que para abandonar o tabagismo é preciso entender que tem a doença. “O tabagismo é uma doença como qualquer outra, por isso é necessário acompanhamento e tratamento médico”, diz. O paciente deve mudar radicalmente seus hábitos e, em alguns casos, é indicado o uso de medicamento.