Uma vitória para a defesa dos médicos e do exercício da Medicina, muitas vezes usados como palco político. Na manhã desta quarta-feira, dia 17, a Comissão de Ética da Câmara de Vereadores de Porto Alegre aprovou o parecer para cassação do mandato do vereador Gilvani Dalloglio, o Gringo, por 11 votos favoráveis pela cassação e 1 abstenção. A decisão acatou uma denúncia protocolada pelo presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, Marcelo Matias, no início de outubro. A relatora foi a deputada Karen Santos. Agora o processo passará pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), depois seguirá para o plenário da Câmara e, se todos os votos se mantiverem, o vereador será cassado.
Ela se baseia no depoimento do parlamentar à CPI do DMAE, em 29 de setembro, quando ele próprio admitiu uma série de condutas consideradas graves e incompatíveis com a função pública. Na denúncia de quebra de decoro parlamentar, foram apontadas quatro irregularidades:
1. Possuir condenação criminal transitada em julgado no Superior Tribunal de Justiça (STJ);
2. Mentir sob juramento à CPI ao negar, inicialmente, a existência de tal condenação;
3. Manter contrato de sua empresa particular com o Poder Público Municipal, em violação direta à Lei Orgânica;
4. Ter praticado atos de corrupção ativa no passado, ao admitir o pagamento de propina a agentes públicos.
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A denúncia votada nesta quarta é a segunda protocolada por Marcelo Matias apontando irregularidades nas condutas do parlamentar. A primeira foi feita no mês de maio, por abuso de prerrogativas e desrespeito a profissionais da saúde.
Os casos envolvendo Gringo e profissionais da área da saúde datam de janeiro e fevereiro deste ano, quando o vereador teria realizado visitas às Unidades de Pronto Atendimento Moacyr Scliar e Bom Jesus, sob pretexto de fiscalizar os atendimentos.
O Simers pontuou irregularidades cometidas na ação do vereador nos locais, destacando que foi possível visualizar dados pessoais dos médicos que estavam de plantão. O Sindicato reconhece a prerrogativa parlamentar de fiscalização, mas sempre foi enfatizado que toda e qualquer visita a unidades de saúde deve obedecer à legislação vigente.
A busca por capital político
A atuação de Gilvani Dalloglio, o Gringo, não é um caso isolado. Muitos usam a importância da saúde e o clamor da população por atendimento no Sistema Único de Saúde como palco eleitoral, desconhecendo a realidade dos médicos que atuam sob condições precárias. Em algumas situações, tais visitas disfarçadas de fiscalização incitam que muitos desses profissionais sejam agredidos verbal e fisicamente por pacientes.
Apenas neste ano, o Simers já atuou em diferentes casos envolvendo vereadores que cometeram irregularidades, como invadir consultórios e fazer filmagens indevidas. Veja como está a atuação do Sindicato em cidades que registraram estes casos de desrespeito aos médicos.
Marcio Antunes, de Santo Ângelo – nesta semana, a 2ª Vara Cível da Comarca de Santo Ângelo determinou a retirada imediata de postagens consideradas ofensivas à categoria médica. O Simers já havia apresentado denúncia formal ao Ministério Público e à Câmara Municipal de Vereadores de Santo Ângelo, instruída com provas.
Júlio César Figueiredo Doze, o Sargento Doze, de Santana do Livramento – Cassado em outubro de 2025. O Simers acompanhou o caso desde os primeiros episódios e solicitou em agosto a cassação do vereador, considerando um passo fundamental para a defesa da integridade física, psicológica e profissional dos trabalhadores da saúde. Há, ainda, uma ação de 2020 de danos coletivos à categoria.
Eduardo Diou, de Capão da Canoa - o Simers solicitou à Câmara Municipal a instauração de procedimento disciplinar para apurar, com base no Regimento e na Lei Orgânica, possíveis violações ao decoro parlamentar.
Joelson Araújo, de Novo Hamburgo - Simers propôs que fosse criada uma normativa estabelecendo regras e critérios para o acesso de vereadores aos espaços de saúde. A secretária da Saúde do município, Betina Espindul, reiterou que, atualmente, o vereador só entra na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e no hospital acompanhado por algum funcionário da FSNH e não acessa mais os espaços reservados aos médicos.
João Luís Moreira (o bacana), de Santo Antônio – o Sindicato realizou reunião com a Câmara de Vereadores. Os atos relatados pela administração do hospital e pelo secretário de Saúde do município, Antônio Selistre, ao Simers também foram considerados graves.
Ezequiel Vargas, de Canoas – Teve o mandato cassado pela Câmara de Vereadores da cidade em agosto de 2025 por quebra de decoro parlamentar.
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