Alterações no estado emocional e comportamental da mulher durante o pós-parto imediato podem ser uma resposta adaptativa e fisiológicas dentro das primeiras três semanas após o nascimento do bebê. Caso os sintomas persistam para além desse período, deve-se ter o...
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24/04/2017 15:24
Alterações no estado emocional e comportamental da mulher durante o pós-parto imediato podem ser uma resposta adaptativa e fisiológicas dentro das primeiras três semanas após o nascimento do bebê. Caso os sintomas persistam para além desse período, deve-se ter o cuidado da detecção precoce de um diagnóstico que merece atenção: a depressão pós-parto.
O que poderia ser conto de fadas para futuras mães, para um número significativo delas, pode ser um tanto turbulento. Você sabia que 80% das mulheres não se sente recompensada nas semanas seguintes ao ter um filho? É o chamado baby blues, ou tristeza materna. “Humor deprimido, sensação de estarem sobrecarregadas, alterações de sono, irritabilidade e falta de prazer em cuidar dos bebês são características básicas de tristeza pós-parto – condição que difere da depressão, que tem como maior período de risco os primeiros três meses após o parto e depressão pós-parto três semanas após o nascimento”, afirma o psiquiatra Jerônimo de Almeida Mendes Ribeiro, membro da Comissão de Estudos e Pesquisa da Saúde Mental da Mulher, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Estima-se que de 25% a 35% das mulheres já apresentem sintomas depressivos ainda na gravidez. Alguns fatores contribuem para o desencadeamento de um episódio depressivo, que vão desde uma situação financeira conflitante, perda de emprego ou morte de um ente querido. “O componente social é muito forte. A mulher pode se sentir para baixo e não ter prazer em cuidar do bebê, não conseguindo lidar com o ambiente do dia-a-dia. Somado a isso, o sono também sofre interferência pela angustia e culpa, por achar que não é uma boa mãe”, destaca o psiquiatra.
A depressão pós-parto também se enquadra em fatores biológicos (ou seja genéticos, ou herdados) por exemplo, se algum parente em primeiro grau da família sofre de depressão, a probabilidade de padecer da consequência aumenta. Outro grupo de risco é o das mulheres que sofrem de Transtorno Disfórico Pré-Menstrual, uma forma mais grave da famosa TPM (tensão pré-menstrual), que afeta de 3% a 8% das mulheres.
Para o psiquiatra Mendes Ribeiro, o assunto é negligenciado no ponto de vista de saúde pública. “É preciso sensibilizar as pessoas da área da saúde, desde clínicos ou médicos de família, obstetras, pediatras, todos são capazes de identificar o princípio de depressão pós-parto e dar o devido encaminhamento para níveis de cuidados de maior complexidade. Ter consigo instrumentos que possam reconhecer a doença precocemente é fundamental para darem os devidos encaminhamentos”.
Uma ferramenta que se mostra bastante eficaz no combate a depressão pós-parto é a Escala de Edimburgo, questionário desenvolvido na Grã-Bretanha e de autopreenchimento. O instrumento revelou sensibilidade e especificidade satisfatórios e agem com triagem, oferecendo à gestante ou à mãe oportunidade de identificar a depressão. São 10 perguntas com quatro opções cada, pontuadas de 0 a 3. Se o escore der igual ou maior que 12, é sugerida uma avaliação mais abrangente e deve-se procurar ajuda médica.
Escala de Edimburgo
Questionário: Dado que teve um bebé há pouco tempo, gostaríamos de saber como se sente. Por favor, sublinhe a resposta que mais se aproxima dos seus sentimentos nos últimos 7 dias. Obrigado.
1- Eu tenho sido capaz de rir e achar graça das coisas.
Não tanto quanto antes
Sem dúvida, menos que antes
2. Eu sinto prazer quando penso no que está por acontecer em meu dia-a-dia.
Talvez, menos que antes
3. Eu tenho me culpado sem necessidade quando as coisas saem erradas.
Sim, na maioria das vezes
4. Eu tenho me sentido ansiosa ou preocupada sem uma boa razão.
Não, de maneira alguma
5. Eu tenho me sentido assustada ou em pânico sem um bom motivo.6. Eu tenho me sentido esmagada pelas tarefas e acontecimentos do meu dia-a-dia.
Sim. Na maioria das vezes eu não consigo lidar bem com eles
Sim. Algumas vezes não consigo lidar bem como antes
Não. Na maioria das vezes consigo lidar bem com eles
Não. Eu consigo lidar com eles tão bem quanto antes
7. Eu tenho me sentido tão infeliz que eu tenho tido dificuldade de dormir.
Sim, na maioria das vezes
8. Eu tenho me sentido triste ou arrasada.
Sim, na maioria das vezes
Não, de jeito nenhum
9. Eu tenho me sentido tão infeliz que eu tenho chorado.
Sim, quase todo o tempo
10. A ideia de fazer mal a mim mesma passou por minha cabeça.
Sim, muitas vezes, ultimamente
Algumas vezes nos últimos dias
Pouquíssimas vezes, ultimamente
Como fazer a pontuação Questões 1, 2, e 4
Se você marcou a primeira resposta, não conte pontos.
Se você marcou a segunda resposta, marque um ponto.
Se você marcou a terceira resposta, marque dois pontos.
Se você marcou a quarta resposta, marque três pontos.
Questões 3, 5, 6, 7, 8, 9 e 10
Se você marcou a primeira resposta, marque três pontos.
Se você marcou a segunda resposta, marque dois pontos.
Se você marcou a terceira resposta, marque um ponto.
Se você marcou a quarta resposta, não conte pontos.
Questões 3, 5, 6, 7, 8, 9 e 10
Se você marcou a primeira resposta, marque três pontos.
Se você marcou a segunda resposta, marque dois pontos.
Se você marcou a terceira resposta, marque um ponto.
Se você marcou a quarta resposta, não conte pontos.
Depressão do pai
Não é só a mãe que sofre deste mal. Os homens também podem se tornar vítima da depressão pós-parto. Segundo pesquisa da Northwestern University, nos Estados Unidos, um em cada dez pais apresenta sintomas. Ser pai antes dos 30 aumenta o risco, assim como se mulher que estiver grávida e deprimida, a autoestima do homem fica prejudicada, por se sentir impotente com a situação, principalmente no caso de pais de primeira viagem.
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