O presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, Paulo de Argollo Mendes, concedeu nesta terça-feira (19) entrevistas às rádios gaúchas alertando sobre os riscos do vírus zika, as consequências da microcefalia e a possibilidade de chegada das doenças ao Estado. O SIMERS está engajado na campanha RS Contra Aedes, em parceria com a Secretaria Estadual da Saúde e a Ufrgs, que visa a eliminar focos do mosquitos transmissor do zika, da febre chikungunya e da dengue.
“É a maior epidemia que nossa geração já enfrentou. Nos últimos cem anos não tivemos nada tão grave, com essas dimensões”, disse sobre os mais de 3 mil casos de microcefalia associados ao zika em todo o Brasil, ao apresentador Cristiano Silva, do programa
A Cidade é Sua, na Rádio Guaíba. Entre a série de atividades da campanha, Argollo apontou a iniciativa dos funcionários do Sindicato, que apresentarão uma peça e distribuirão cartilhas para as crianças do Centro Social Marista de Porto Alegre, nesta quarta (20), às 9h30.
“O objetivo é transformar essas crianças em multiplicadoras, para que revistem suas casas, procurando situações de água parada. É uma atividade lúdica, de brincadeira, mas que dá às crianças a posse de um conhecimento novo e da necessidade de vigiar sua casa, se engajar e convencer os pais a também serem cuidadosos”, explica o médico.
Geração com sequelas
Argollo listou a série de sequelas que podem ser causadas ao bebê pela má-formação associada ao zika durante a gravidez: cegueira, surdez, retardo mental e motor e, em casos mais graves, até a morte. “Estamos criando uma geração de crianças retardadas em função da epidemia do zika vírus, que ainda não tem vacina, tratamento nem cura. O que se pode fazer é prevenir, evitando a proliferação do mosquito.”
O presidente do SIMERS comparou a epidemia de microcefalia aos defeitos congênitos gerados pelo uso da talidomina, quando se desconhecia os graves efeitos colaterais do medicamento sobre a formação dos fetos. “Já há mais casos nesses últimos meses de má-formação associada ao zika do que durante o uso da talidomida. Dá uma ideia da dimensão disso.”
“Nós estamos assustados com o que está vindo por aí, porque o zika vai chegar ao Rio Grande do Sul, é inexorável, já está chegando ao Rio de Janeiro e São Paulo. O vírus se movimenta, vem descendo. Quando ultrapassar essa barreira, vamos ter muito mais contato e precisamos estar preparados”, decretou Argollo, que agradeceu o apoio da iniciativa privada na divulgação da campanha. “A maior arma que podemos dispor é a informação. É através do conhecimento que vamos poder salvar essa geração de possíveis deficiências.”