O corpo clínico do Hospital Nossa Senhora Aparecida (HNSA) de Camaquã decidiu, em reunião nesta
quarta-feira (8), suspender as escalas de plantão e os atendimentos a partir da 0h deste
domingo (12). Os profissionais estão sem receber remunerações há dois meses e ainda enfrentam redução de 12% nos salários desde a metade do ano passado. Os atendimentos eletivos já haviam sido suspensos e a Funbeca - administradora do hospital - já havia sido notificada sobre a paralisação dos serviços, mas não se manifestou até o momento. A dívida é agravada pela falta de repasses do governo para a instituição, que seria de cerca de R$ 8 milhões.
Na reunião, os médicos do hospital reforçaram que o problema não é só financeiro, mas também a falta de diálogo da direção com o corpo clínico. Enquanto a situação não se normalizar, os médicos recomendam que os pacientes procuram outras unidades de saúde em cidades próximas. O hospital, que atende 70% pelo Sistema Único de Saúde (SUS), atende especialidades como traumatologia, anestesia, pediatria, cirurgia e obstetrícia.
"Os profissonais não podem ser os responsáveis por suportar a crise que afeta os hospitais pelo país", afirmou a vice-presidente do Sindicato Médico do RS, Maria Rita de Assis Brasil.
O delegado do SIMERS em Camaquã, Paulo Roberto Steger, reforçou que a situação é insustentável. "O hospital não tem mais condições físicas e materiais para manter o atendimento", afirmou, lembrando que o HNSA é referência na região e recebe pacientes de cerca de 12 cidades.
Antes da reunião, a vice-presidente e o delegado do SIMERS estiveram reunidos com o secretário municipal de Saúde, Rubem Machado. O secretário disse que, normalmente, o hospital recebe os repasses no dia 12 de cada mês e, por isso, pediu a compreensão dos médicos para que adiasse a paralisação por mais alguns dias. "Estamos fazendo todo o esforço para buscar uma solução", declarou.