Canoas: Simers denuncia grave situação da saúde pública na cidade

Na última quinta-feira, 3, a direção do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) esteve em Canoas, visitando os Hospitais Universitário e Nossa Senhora das Graças, além da UPA Rio Branco. Nos locais, existem relatos dos médicos sobre defasagem e atraso salarial, além de estrutura precária de trabalho. No HU, a direção do Simers foi impedida de acessar o local para dialogar com os médicos da entidade. No mesmo dia, atos de violência foram registrados no contexto das manifestações de alerta realizadas pelo Sindicato quanto ao cenário da saúde no município.

Fernando Uberti, vice-presidente do Simers, afirma que a situação na cidade é preocupante. "A conjuntura dos três hospitais de Canoas e na UPA Rio Branco é crítica e impacta diretamente nos médicos, profissionais e população. Encontramos unidades sem infraestrutura física básica para atendimento, atraso nas remunerações e falta de medicamentos para urgência. Isso é um reflexo de políticas públicas ineficazes que comprometem a saúde de milhares de cidadãos. Canoas, com o terceiro maior PIB do estado, não pode continuar ofertando esse contexto para sua população e seus profissionais. Precisamos uma resposta imediata da gestão municipal", afirma.

No HNSG, a falta sistemática de insumos, medicamentos e de suporte para o atendimento, bem como os atrasos rotineiros nos pagamentos, levou os médicos prestadores de serviço a definirem pela possível suspensão das consultas ambulatoriais eletivas e das cirurgias agendadas. O Simers encaminhou, nesta semana, ofício ao Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers), informando a decisão. O mesmo ofício também foi enviado à Prefeitura de Canoas e à Promotoria de Justiça.

Diretor de Interior do Simers, Luiz Alberto Grossi, afirma que uma cidade do tamanho de Canoas, com uma das principais economias do Estado, com quase 350 mil habitantes, e sendo referência em saúde para outras centenas de cidades não pode estar numa situação como a atual. “Canoas não merece a saúde que está sendo prestada à população. É lastimável o que vimos hoje. A Saúde Pública na cidade está sucateada, população e médicos estão sendo penalizados diariamente”, destaca.

No HU, o pagamento dos médicos foi parcial e a quitação daqueles que ainda não receberam está sem previsão. A falta de recursos compromete a compra de insumos e existe a possibilidade de escassez a partir da próxima semana. Reaberto de forma parcial na segunda-feira, 30, Hospital de Pronto Socorro está atuando com médicos terceirizados, enquanto os médicos da equipe técnica do hospital e que estão alocados no HNSG, estão com a remuneração atrasada em 15 dias, com o restante do pagamento agendado ao dia 8.

Violência em manifestação do Simers

No final da manhã da quinta-feira, 3, atos de violência foram registrados contra manifestações de alerta realizadas pelo Simers quanto ao cenário da saúde de Canoas.  Após a exposição de faixas alertando contra os constantes atrasos nos salários dos profissionais nos três hospitais da cidade, bem como a falta de insumos e estrutura aos atendimentos, dois indivíduos retiraram coercitivamente o material das promotoras contratadas e ameaçaram as profissionais com palavras de intimidação.

Para o vice-presidente do Simers, Fernando Uberti, o fato é inadmissível, uma vez que o objetivo do Sindicato Médico é alertar a população sobre o cenário vivenciado pelos médicos e pelos hospitais da cidade. “Praticamente não temos dúvida de que se trata de um ato de violência política e ainda não sabemos quem são os autores desses atos violentos. Mas buscaremos todas as medidas cabíveis e acionaremos as instâncias policiais para uma investigação adequada sobre o que ocorreu”, pontua Uberti.