Conheça John Hunter, o médico do século 18 que pode ajudar a explicar a evolução do câncer
Nascido em 1728, John Hunter demonstrou desde cedo habilidade para exercer a profissão. Não por acaso, foi o médico do rei George III e é considerado um dos cirurgiões mais influentes da história. Mas entre suas tantas descobertas e experimentos,...
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10/01/2017 17:41
Nascido em 1728, John Hunter demonstrou desde cedo habilidade para exercer a profissão. Não por acaso, foi o médico do rei George III e é considerado um dos cirurgiões mais influentes da história. Mas entre suas tantas descobertas e experimentos, é um diagnóstico feito por ele há mais de 200 anos que hoje pode ajudar a entender como o câncer evoluiu ao longo da história.
Meticuloso em suas anotações, em 1786 descreveu o caso de um paciente que chegou ao hospital St. George com um tumor na parte inferior da coxa. Algo que “parecia ser um adensamento do osso”, em suas palavras, e que crescia de maneira rápida.
Esse e outros trechos ficaram guardados desde sua morte no Hunterian Museum – uma homenagem a ele -, em Londres. Junto do acervo, foram preservadas amostras de tecido do paciente descrito acima. No ano passado, o material foi redescoberto pela médica Christina Messiou, especializada em sarcoma - um tipo relativamente raro de câncer que se desenvolve a partir de tecidos como os ossos e os músculos.
Em entrevista à BBC, ela revelou que, ao olhar as amostras, logo se lembrou de um diagnóstico de osteossarcoma. Mas o que realmente impressionou Messiou foram os detalhes descritos por Hunter, muito semelhantes ao que se sabe atualmente sobre o desenvolvimento da doença.
O próximo passo é iniciar uma análise aprofundada da amostra, que ofereça pistas de como o câncer mudou suas características entre o século 18 e a atualidade. "Seria interessante ver se podemos vincular fatores atrelados ao estilo de vida com outras diferenças que vemos entre os casos de câncer antigos e os atuais", disse ainda à BBC.
A trajetória intensa de Hunter
Na obra À sombra do plátano, o médico e professor Joffre Marcondes de Rezende reúne dezenas de crônicas que contam a trajetória da Medicina ao longo da história. John Hunter foi o personagem escolhido para um dos capítulos. Ao longo do texto, não é difícil entender o motivo.
Intenso, Hunter é descrito por Rezende como um trabalhador infatigável, que não dormia mais do que quatro ou cinco horas por noite. Também era comum que se irritasse com longas discussões teóricas que não oferecessem base prática. Afinal, sempre se dedicou a desvendar os mistérios do corpo humano.
No auge de sua obsessão pela prática médica, injetou no próprio corpo uma amostra de pus contaminada. O objetivo era descobrir se a blenorragia (hoje mais conhecida como gonorreia) e a sífilis eram ou não a mesma doença. Aos 65 anos e com insuficiência coronariana, morreu de infarto enquanto discutia com colegas do Hospital St. George.
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