“Eu infartando? Mas não tenho idade para isso”. Atire a primeira pedra o cardiologista que não escutou esta frase de uma pessoa com menos de 30 anos apresentando dores no peito. Chegou a hora dos pacientes reverem seus conceitos.
Segundo dados do DataSUS, do Ministério da Saúde, em 2013 houve um aumento de 13% no número de infarto entre adultos de até 30 anos no país. Segundo o e diretor científico da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Daniel Silveira, essas pessoas não identificam os sintomas iniciais de um infarto, confundindo-os com dores musculares – o que é um perigo. “Um estudo internacional identificou que mais ou menos 3% dos que infartam morrem em casa. A nossa estatística varia muito de região para região. Em hospitais do Sul, o índice é de 8% a 10% - ainda muito alto”, conclui.
Daniel ressalta que o ideal é conseguir tratar o paciente até 90 minutos depois das primeiras dores, que iniciam com um aperto no peito, migrando para o braço esquerdo e queixo. Em hospitais, o diagnóstico, diferente de anos atrás, é muito simples, bastando fazer um eletrocardiograma (gráfico que registra oscilações elétricas que resultam da atividade do músculo cardíaco) juntamente com a coleta de enzimas cardíacas (exame de sangue).
Ansiedade generalizada somada a diversas atribuições que os profissionais de até 30 anos são submetidos hoje, facilita a incidência do estresse que resulta em infartos. Outra característica é da população mais nova estar se cuidando menos. “Não faz exercício. Se faz e sente dor, toma anti-inflamatório sem limites, se automedicando (existem pesquisas que relacionam a ingestão de anti-inflamatório com infartos). A população está comendo menos e engordando mais”, salientou Daniel.
Em suma, não há idade para se ter infarto, e sim fatores de risco: diabetes, colesterol elevado, tabagismo, sedentarismo e hipertensão arterial, nos mais jovens acrescenta-se o fator estresse intenso.
Afinal, o que é infarto?
O infarto ocorre quando existe a obstrução de uma artéria coronária devido a um coagulo de sangue sobre a placa de gordura que está na parede, impossibilitando que o sangue chegue em quantidade suficiente à área do músculo cardíaco. Com isso, pode ocorrer morte celular e necrose, que leva à insuficiência cardíaca ou morte súbita.
O número de doenças cardiovasculares aumentou no país para as mulheres. Cerca de 30% dos casos de infarto têm o sexo feminino como vítimas. Segundo informações da Campanha Coração Alerta, o coração delas é menos, as artérias coronárias são mais estreitas e a frequência cardíaca de repouso maior, ou seja, o coração é mais acelerado.