Ao longo das três décadas que separam a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) da atualidade, o subfinanciamento tem sido apontado como um dos principais limitadores para que a política pública funcione conforme idealizada.
Na prática, não é difícil encontrar vestígios de como a insuficiência de recursos se manifesta. Os médicos, aliás, conhecem bem a realidade: historicamente, eles convivem com honorários defasados, em um quadro que parece ter se transformado em política permanente de governo.
Sem reajuste na Tabela SUS
Em 2015, o Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou pesquisa que mostrava a (falta de) variação dos valores da Tabela SUS entre 2008 e 2014. Comparando com aqueles praticados hoje, a conclusão é de que o médico que se dedica à saúde pública segue desvalorizado no Brasil.
Não bastasse o financiamento limitado, os números mostram que a gestão é ineficiente na aplicação dos recursos – quase um deboche a quem luta com tão pouco para buscar atendimento de qualidade à população.
Segundo estudo da Organização Contas Abertas, a União deixou de aplicar R$ 174 bilhões na saúde ao longo dos últimos 15 anos. O valor é equivalente a 11% daquele que foi autorizado ao Ministério da Saúde desde 2003.
Quanto vale uma nova vida?
Exemplo – e esse é apenas um, entre tantos - da discrepância de valores é a área de obstetrícia. Veja no infográfico a seguir:
Tanto no parto normal quanto na cesárea, o tempo médio de permanência no hospital é de dois dias. Ou seja, a diária recebida pela equipe médica é de R$ 87,90 no primeiro caso e de R$ 75,03 no segundo.