Dia Mundial sem Tabaco: menos de 6% dos fumantes consegue parar na 1ª tentativa
O Brasil conta hoje com mais ex-fumantes que fumantes ativos: são 26 milhões contra 22 milhões, número ainda muito alto de quem se submete aos males do tabagismo. Para conscientizar sobre os perigos do cigarro, 31 de Maio é Dia...
Compartilhe
31/05/2016 11:35
O Brasil conta hoje com mais ex-fumantes que fumantes ativos: são 26 milhões contra 22 milhões, número ainda muito alto de quem se submete aos males do tabagismo. Para conscientizar sobre os perigos do cigarro, 31 de Maio é Dia Mundial sem Tabaco. A data foi instituída pela Organização Mundial da Saúde há quase 30 anos, quando começou a se discutir o crescimento desta epidemia e políticas de controle ao tabagismo e à propaganda do cigarro.
Em 2016, a OMS advoga a favor da padronização das embalagens para reduzir a demanda por tabaco e seus derivados. A campanha da entidade lembra que cerca de 6 milhões de pessoas morrem todos os anos devido ao fumo, sendo que 600 mil são fumantes passivas. Se não houver mudanças nesse quadro, a estimativa é que a partir de 2030 mais de 8 milhões morram anualmente. “A ideia é que, além das figuras que alertam para os males do cigarro, o restante da embalagem seja sóbrio, em cor única e sem marcas”, explica o presidente da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Luiz Carlos Corrêa da Silva.
Diante da proibição de propagandas do produto no Brasil, as embalagens de cigarros tornaram-se o principal veículo de comunicação entre empresas e consumidores. “São necessárias mais políticas de controle, desde a produção até o consumo. Poucas pessoas ganham com o cigarro, só os fabricantes. Já o prejuízo lá na frente é enorme, para o Sistema Único de Saúde, para a saúde do fumante e até para quem não fuma”, alerta o pneumologista.
Ainda assim, o índice de novos fumantes é constante. O vício costuma começar na adolescência e, em algumas cidades brasileiras – e Porto Alegre é uma delas –, 16% dos jovens em idade escolar experimentaram pelo menos um cigarro no último mês. “Há 30 anos, esse número era um pouco maior. A queda no índice geral de fumantes é mais drástica: caiu de 35 para 11% em três décadas”, aponta Corrêa, que confessa também ter fumado na adolescência. “Nunca com regularidade, mas era socialmente aceito, fumava-se inclusive em ambientes fechados. Aliás, essa restrição social só surgiu recentemente e tem levado muita gente a parar de fumar.”
Prevenção e tratamento
A luta contra o tabagismo ocorre em duas frentes: prevenção – evitar que os jovens cedam à “transgressão” que o cigarro, e também o álcool e outras drogas, possa representar – e tratamento. Corrêa coordena o Programa de Controle do Tabagismo da Santa Casa de Porto Alegre e observa as razões que levam os fumantes a tentar abandonar o vício: doenças decorrentes, preocupação com a qualidade de vida ou mesmo as dificuldades sociais geradas pelas crescentes restrições ao cigarro.
Mas parar não é fácil. Segundo o médico, menos de 6% consegue na primeira tentativa. O número sobe um pouco se houver acompanhamento clínico, mas como regra, o abandono do cigarro só ocorre em novas tentativas. Então, mesmo que haja recaídas, é importante persistir. “O primeiro passo é tomar uma decisão consciente, baseada em fatos concretos, como as informações dos males que o cigarro causa à saúde e a seu estilo de vida ou para melhorar respiração, olfato, paladar. Pessoas que fazem exercícios e valorizam seu bem estar tendem a ser mais determinadas nesse aspecto”, diz Corrêa.
Um dado alarmante divulgado pelo Instituto Nacional de Câncer aponta que mais de 50% dos pacientes com a doença continuam fumando durante o tratamento. Alguns fumantes precisarão de acompanhamento médico, para indicação de terapia cognitiva temperamental ou medicamentos. “Os remédios à base de tabaco ajudam a perder o hábito de fumar sem gerar abstinência da droga. Aos poucos, vai se acostumando e diminuindo a medicação”, explica. Outra dificuldade é o vício associado a transtornos psiquiátricos. “Se a doença não estiver controlada, vai ser muito difícil parar de fumar. Por que a nicotina tem um efeito modulador no cérebro, e as pessoas, sem perceber, acabam substituindo seus tratamentos por cigarros”, adverte o especialista.
Fato é que, se fumar é um grande risco para desenvolver câncer e doenças crônicas cardiorrespiratórias e cardiovasculares, parar de fumar só gera benefícios, alguns quase imediatos:
- Em 20 minutos a frequência cardíaca fica próxima do normal
- Em 12 horas o nível de monóxido de carbono do sangue volta ao normal
- Em 24 horas a chance de ataque cardíaco diminui
- Entre dois a três meses a circulação sanguínea e função pulmonar melhoram
- Em até nove meses é percebida melhora na capacidade respiratória
- Em um ano o risco de ataque cardíaco diminui em 50%
- A partir de cinco anos o risco de derrame cerebral é igual ao de alguém que nunca fumou
- A partir de dez anos o risco de câncer de pulmão é quase igual ao de alguém que nunca fumou
- A partir de 15 anos o risco de doenças cardíacas é quase igual ao de alguém que nunca fumou
O Simers utiliza cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para melhorar a experiência de usuário. Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.