Paulo de Argollo Mendes *
Porto Alegre, com oito médicos por mil habitantes, tem, proporcionalmente, mais médicos do que a Inglaterra (2,3 por mil habitantes) e o Canadá (0,5 por mil habitantes). Se o critério fosse número de médicos, Porto Alegre teria a melhor saúde do planeta. Precisamos de uma carreira para interiorizar os médicos, como a de juízes, promotores e delegados. O Simers já entregou há muito a proposta ao governador, que serenamente ignora o sofrimento dos gaúchos. É urgente também reabrir leitos. Porto Alegre perdeu quase 200 vagas do SUS em dois anos. Temos de salvar o Beneficência Portuguesa. Por isso, nosso esforço em abrir 30 leitos de psiquiatria no hospital, amenizando a desassistência dos doentes. Temos excelentes perspectivas de, em seis meses, ver o hospital operando a pleno. Prova disso é o início dos trabalhos do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, que levantará as condições técnicas e administrativas do Beneficência, apontando as modificações para transformá-lo novamente em hospital de excelência e referência para todo o Estado. A recente presença, em Porto Alegre, dos ministros Ricardo Barros (Saúde) e Osmar Terra (Desenvolvimento Social) reafirma este compromisso. Não é com mais faculdades de Engenharia que acabaremos com os buracos nas estradas. Assim como não é abrindo mais escolas médicas que teremos uma saúde melhor. Enquanto lutamos com unhas e dentes para manter duas centenas de leitos no Beneficência, o governo federal edita a MP do Trilhão (Medida Provisória 795/2017 de 13/12/2017), que faz com que a União deixe de arrecadar R$ 1 trilhão até 2040 e perdoe R$ 54 bilhões de impostos que já deveriam ter sido pagos, favorecendo multinacionais do petróleo. Considerando que o orçamento de 2018 para a Saúde é de R$ 130 bilhões, a MP equivale a sete anos e sete meses deste montante. Mas não vamos esmorecer. Afinal, estamos na luta pela vida.