Evento de encerramento do Trote Solidário 2024 entrega prêmio e apresenta resultados

Incentivar a recepção aos calouros das faculdades de Medicina de todo o Estado com atividades que valorizem a vida e a solidariedade: está é a estratégia adotada há 16 anos pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), por meio do Núcleo Acadêmico da entidade (NAS). A iniciativa é uma forma de evitar trotes violentos, que ainda viram manchete, e aproveitar o momento de integração dos novos estudantes com os veteranos, para fazer valer dois dos objetivos da Medicina, que é salvar vidas e ajudar pessoas. O encerramento do Trote Solidário 2024 premiou as universidades que mais contribuíram com arrecadação de alimentos, tampinhas, doação de sangue e medula óssea.

Este ano, a entrega dos troféus aconteceu no Rooftop Blanc, em Porto Alegre, no sábado, 30 de novembro. Com a enchente de maio e a dedicação toda voltada para o atendimento aos atingidos pelas inundações, a premiação do primeiro semestre também foi entregue no sábado (veja no quadro abaixo todos os premiados). A Universidade de Passo Fundo (UPF) ficou em primeiro lugar nos dois semestres entre os participantes do interior do Estado, com duas toneladas de alimentos e 50 doações de sangue em 2024/1 e 1,5 tonelada de alimentos e 160 doações entre sangue e medula em 2024/2. Também entre as faculdades da Capital e Região Metropolitana, houve dobradinha: a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que arrecadou duas toneladas de alimentos no primeiro semestre, além 400 quilos de tampinhas para o Instituto do Câncer Infantil (ICI) e registrou 60 doações de sangue. No segundo semestre os números se repetiram.

A soma das contribuições, ao longo de todo o ano, alcançou 48 toneladas de alimentos, 2,8 toneladas de tampinhas, 1,2 mil doações de sangue e o registro de 40 doadores de medula. Para o presidente do NAS, João Pedro Silva dos Santos, o resultado emociona e demonstra o tamanho do impacto da ação na sociedade. “Ajudamos muitas pessoas, apesar de todos os desafios que 2024 nos trouxe. Passamos pela enchente, precisamos fazer uma retomada. Nós precisávamos ver como seria a possibilidade de conseguir arrecadar alimentos, já que havia muita gente afetada, precisando de ajuda. Dentro do próprio Núcleo tivemos pessoas impactadas e que, mesmo assim, buscaram forças para ajudar”, lembrou. 

A vice-presidente do NAS, Gabrielly Pereira Argimon, ressaltou que a participação vem aumentando nos últimos anos, depois de uma redução natural que ocorreu durante a pandemia. “Creditamos esses resultados à força que estamos conseguindo buscar também no interior, onde aumentamos nossa representatividade, fazendo com que outras universidades também queiram aderir ao projeto e cresçam em participação junto com a gente. Nosso objetivo é duplicar a arrecadação a cada semestre”, confidenciou. 

Representando o Banco de Alimentos, a gerente administrativa, Lucelene Navarro, disse ser uma satisfação fazer parte desse projeto. “Com a ajuda de vocês, conseguimos auxiliar muita gente. Serão sempre muito bem-vindos”, agradeceu. Marise Cristóvão Schuster falou em nome do ICI e, segundo ela, as tampinhas são de grande valia. “Vocês não têm noção do que representa essa ajuda e da importância de cada tampinha arrecadada. A gente só tem a agradecer”, elogiou. Já Alexandre Sapiro, da Escola de Medicina da PUC, representou as escolas médicas, e contou sobre o surgimento desta forma diferenciada de receber os calouros do curso. “Eu fico muito emocionado pela história desta iniciativa. O trote solidário começou pequenininho, eu e um aluno meu que era veterano, Júlio Razera, ficamos preocupados com as notícias que estávamos assistindo das crueldades que vinham ocorrendo nos trotes e resolvemos agir. Médicos são pessoas que devem querer e gostar de cuidar de gente; não de maltratar”, sentenciou. Segundo ele, é um orgulho ver o crescimento do projeto e a proporção que alcançou.

A diretora médica do NAS, Natallia Boff, reforçou o quanto desafiador foi o ano, pois em maio o Núcleo ficou o mês inteiro atuando nos abrigos e auxiliando no atendimento às vítimas. “As consequências da enchente seguiram por mais tempo, mas em maio nós paramos tudo e voltamos todos os nossos esforços para a ajuda aos atingidos”, relatou. Ela explicou que os integrantes do NAS fizeram toda a diferença, pois o Simers assumiu 37 abrigos do município de Porto Alegre, onde havia tanto a escala de médicos para fazerem o atendimento quanto de acadêmicos, que deram suporte na parte operacional. “O Trote Solidário acabou ganhando uma motivação a mais, pois muitas pessoas ficaram com situação econômica ainda pior do que já tinham e os acadêmicos viram que a necessidade de arrecadação se tornou ainda maior, para ajudar aquelas pessoas que já estavam sofrendo tanto”, avaliou. Além da diretora Natallia Boff, o diretor do Simers, Gustavo Wild Pizutti, também participou do evento.

Os vencedores:

2024/1 – Interior:
1º - Universidade de Passo Fundo (UPF)
2º - Universidade de Caxias do Sul (UCS)
3º - Atitus

2024/1 – Capital e Região Metropolitana:
1º - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs)
2º - Universidade Luterana do Brasil (Ulbra)
3º - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC)

2024/2 – Interior
1º - Universidade de Passo Fundo (UPF)
2º - Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
3º - Universidade de Caxias do Sul (UCS)

2024/2 – Capital e Região Metropolitana:
1º - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs)
2º - Universidade Luterana do Brasil (Ulbra)
3º - Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos)

Dados finais do Trote

Desde o início do projeto, mais de 970 mil pessoas foram impactadas só com a oferta de refeições essenciais, dentro da parceria com o Banco de Alimentos, para onde foram destinadas 485 toneladas de alimentos nesses 16 anos. O Trote Solidário incluiu mais de 25 mil acadêmicos, que, além das arrecadações, também contribuíram com 9,6 mil doações de sangue ao Hemocentro.