05/03/2018 12:49
Uma das principais referências para atendimentos de emergência e trauma no Rio Grande do Sul, o Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre sofre com problemas crônicos. Nas áreas de cirurgia e de trauma, faltam médicos para dar conta da demanda. Nas outras, os médicos disponíveis não conseguem prestar todos os atendimentos porque há carência de técnicos de enfermagem e enfermeiros, sem contar equipamentos básicos de avaliação. E isso é apenas uma amostra dos problemas identificados em uma vistoria que o Simers realizou no HPS na manhã desta segunda-feira (05).
Durante a visita, a equipe do Simers, liderada pela diretora Clarissa Bassin, visitou todas as principais salas de atendimento. Cada uma delas padece de problemas específicos, que vão da falta de profissionais ao fechamento de leitos – nada menos que 36 foram fechados nos últimos cinco anos.
Na enfermaria do terceiro piso, por exemplo, os pacientes com doenças contagiosas ficam internados sem isolamento, submetendo os demais internados a todos os tipos de agentes infecciosos.
Na Sala Amarela, destinada a pacientes em observação, há superlotação de macas. Tecnicamente, o espaço teria capacidade para abrigar 15 leitos. Na prática, porém, chega a comportar 25 macas móveis, em um verdadeiro congestionamento de enfermos.
Já na Sala de Recuperação, o problema é a falta de profissionais (tanto técnicos de enfermagem quanto enfermeiros). O local, que comportaria até dez leitos, tem funcionado com apenas cinco – já que não há equipe suficiente para receber mais do que isso.
Durante a visita, o Simers constatou problemas também nas Salas Verde e Vermelha, além das enfermarias. Todas elas carecem de mais profissionais.
Na avaliação da diretora técnica do HPS, Roberta Rigo Dalcin, seriam necessárias pelo menos trinta novas contratações para adequar a capacidade de atendimento à demanda. “Seria o mínimo para que pudéssemos nos planejar com os funcionários mais antigos, especialmente com aqueles que estão há muito tempo aguardando para tirar férias ou licenças”, explicou ela.
Em março de 2017, quando assumiu a direção técnica do HPS, Roberta solicitou a realização de um concurso para a contratação de novos profissionais. Entretanto, o edital de convocação só foi lançado na semana passada – ou seja, um ano depois. E o texto não especificou se os aprovados serão lotados no HPS ou não.
O Simers enviará um relatório dos problemas identificados durante a vistoria para o secretário de Saúde de Porto Alegre, Erno Harzheim. Segundo a diretora Clarissa Bassin, é imprescindível que o poder público tome medidas imediatas para evitar a desassistência. “Precisamos chamar um novo concurso para recompor as equipes do HPS. Também iremos oficiar a Câmara de Vereadores para pedir uma audiência pública sobre esse assunto”, destacou.
Acompanharam a vistoria a médica Malu Kafrouni, que também é diretora do Simers, a cirurgiã bucomaxilofacial Niura Dri e o vereador e médico Thiago Duarte.