Entregue há quase 450 dias, Hospital Regional de Santa Maria tem futuro ainda indefinido
A Luta

Entregue há quase 450 dias, Hospital Regional de Santa Maria tem futuro ainda indefinido

Um total de R$ 61,2 milhões. Esse é o valor do investimento estimado pelo Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, para que o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) inicie o seu funcionamento. O dado consta no plano operativo apresentado pela...

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14/12/2017 12:43

Um total de R$ 61,2 milhões. Esse é o valor do investimento estimado pelo Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, para que o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) inicie o seu funcionamento. O dado consta no plano operativo apresentado pela instituição paulista em julho, mas só divulgado publicamente na final de novembro. O estudo, que custou R$ 5,9 milhões e foi pago pelo Ministério da Saúde, traça um panorama sobre a situação do Regional, seu potencial e necessidades. Com obra começada em 2010 e entregue à Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul (SES-RS) em setembro de 2016 – há quase 450 dias -, a unidade ainda segue sem previsão de abertura. Durante a apresentação das contas do segundo quadrimestre do ano, na Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, o secretário em exercício de Saúde do Estado, Francisco Paz, afirmou que recebeu uma obra física mal projetada e mal construída. No entanto, não assumiu qualquer responsabilidade pelos problemas ou ofereceu perspectiva.

O que diz o plano operativo

Projetado para ser o primeiro hospital estadual de média e alta complexidade, o funcionamento do Regional ainda depende de uma série de ajustes e definições. Os mais de R$ 61 milhões necessários incluem não só a compra de equipamentos, mas também correções e reparos na estrutura. “Ou seja, mesmo sem nunca ter oferecido atendimento à população, a obra já precisa ser reformada e adaptada”, destaca a vice-presidente do Simers, Maria Rita de Assis Brasil. Entre os problemas apontados pelo Sírio-Libanês como de reparo obrigatório – ao todo, são 23 - estão a ausência de uma sala de emergência, existência de apenas um gerador e portas corta-fogo fixadas de maneira invertida, que levam para becos sem saída ou para o interior de salas e consultórios. Maria Rita entende que o exemplo mostra a importância de que o investimento do dinheiro público seja feito com seriedade e planejamento. “Vale se perguntar se, de fato, houve uma análise adequada de viabilidade na época em que o projeto foi idealizado”, avalia. O plano operativo destaca ainda que há grande acúmulo de sujeira, insetos e até mesmo animais peçonhentos no interior do hospital. O retrato de uma estrutura entregue há mais de 400 dias, mas que segue sem nem ao menos um gestor definido ou data oficial para abrir. Não por acaso, um dos trechos finais do documento enfatiza a urgência na ocupação do edifício também pela “rápida deterioração do conjunto hospitalar, com danos progressivos na estrutura” – além da pressão social e política para que a unidade possa entrar em funcionamento o mais rápido possível. Outro apontamento é a necessidade de uma avaliação mais criteriosa do atendimento que será oferecido. Enquanto a SES-RS já havia sinalizado a divisão entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e convênios, o plano operativo analisa que a saúde suplementar renderia uma contribuição financeira muito pequena para a instituição. Por isso, aponta o modelo 100% SUS como uma alternativa que pode ser mais viável, com o recebimento de incentivos.

Reflexos na saúde

A demora na abertura do Regional tem agravado a desassistência à população da cidade e também da região. No Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), referência para mais de 40 municípios, a superlotação já se tornou cenário frequente. “Vemos as pessoas superlotando o corredor, às vezes dos dois lados. Quando estão dando a refeição para os pacientes, não se consegue transitar”, relata o integrante do Sindicato dos Médicos de Santa Maria (Sindomed) João Alberto Larangeira, que também atua no Husm. Para Larangeira, é inadmissível ver que existe na cidade um hospital com sua estrutura física pronta, mas sem previsão de abertura, enquanto outro precisa operar sempre acima da capacidade. Tudo para dar conta da demanda de uma região definida no plano operativo como de “baixa cobertura da atenção básica e na qual existem poucos serviços que sirvam de contrarreferência ao HRSM.  
Tags: Santa Maria Hospital Regional de Santa Maria Hospital Sírio-Libanês plano operativo

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