Com mais de 50 mil médicos atendendo em medicina hospitalar nos EUA, no Brasil ela ainda não é uma especialidade. No momento atual, o hospitalista é uma área de atuação da clinica médica, ou seja, poderá vir a ser uma subespecialização da medicina interna. O médico hospitalista geralmente é especialista em medicina interna, porque os dois anos da residência dão uma base que cria um diferencial para o médico entender melhor como cuidar de pacientes clínicos hospitalizados. Além de cuidar do paciente em si, um dos diferenciais do hospitalista é contribuir para que o hospital funcione melhor, entendendo dos processos assistenciais que circundam o cuidado do paciente, principalmente os fluxos de funcionamento da instituição, participa das comissões hospitalares, normalmente está presente na comissão de informática médica ou na de prontuário ou de óbitos.
“A ideia é que o hospitalista, além de cuidar do paciente, contribua de uma forma mais ampla no hospital. Uma maneira também é coordenando as equipes multiprofissionais facilitando a comunicação com os demais membros da equipe assistencial trabalhando com a parte da educação continuada”, afirma Fernando Waldemar, especialista em Clinica Médica e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar (SOBRAMH).
Segundo ele, “a produção de indicadores, a coleta de dados para que eles possam ser analisados e que o hospital consiga entender com maior clareza quais são os seus entraves, problemas, pontos fracos e com a participação dos médicos consiga resolver de uma forma efetiva os problemas que acabam prejudicando o cuidado dos pacientes hospitalizados que pode estar relacionado a fornecimento de medicamentos, ou demora na realização de exames complementares, ou dificuldade de conseguir um destino adequado na alta hospitalar do paciente”, destaca Fernando que ressalta ainda que “o hospitalista tenta se comunicar de forma mais efetiva com os médicos da atenção primária que são os médicos de família para que o paciente quando tenha alta receba as informações completas e continue o seu tratamento depois da alta sem ter perda de informação, tomando as medicações com o cuidado adequado prevenindo reinternações”.
“Se tornar uma área de atuação, uma especialidade é importante, mas não é essencial porque se o mercado de trabalho, se nos hospitais públicos e privados existe interesse de contratar esse tipo de médico essa atuação acontece independente de oficialmente o médico ter registro de hospitalista. A realidade é que vai impor a discussão e de alguma forma isso vai se organizar identificando esses médicos com essa especialidade. A discussão já está sendo feita entre a SOBRAMH e a Câmara Técnica de Clínica Médica do Conselho Federal de Medicina. Nos EUA os hospitalistas chegam a 50 mil. No Brasil devem ser entre 500 e 1000 médicos”, ressalta Waldemar.
Entre os desafios de ser um hospitalista está a novidade dessa especialidade e precisa que a gestão do hospital entenda as suas vantagens e invista financeiramente para conseguir oferecer uma remuneração adequada para os médicos se dedicarem um tempo a mais ao hospital. Não adianta o médico passar rápido pelo hospital.
A ideia é que o hospitalista permaneça no hospital um turno prolongado de trabalho todos os dias. Tem modelo que prega 6h, 8h diárias dando investimentos. Já entre as vantagens é um campo que atrai médicos jovens porque é desafiador, é novo e para aqueles que fizeram medicina interna será possível conciliar o que aprendeu na faculdade e na residência. “Os médicos querem desafios, querem participar de projetos e serem protagonistas desses projetos. É uma especialidade que oportuniza esse tipo de atuação”, conclui Waldemar.