Mais do que a luta pelo reajuste dos honorários, o Sindicato Médico do RS (SIMERS) luta para combater o desmonte do Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul (IPERGS) e, consequentemente, do plano IPE-Saúde. Nos últimos anos, além de amargas perdas por atender o convênio sem atualização mínima dos honorários, os médicos credenciados e os usuários são penalizados devido à gestão ineficiente da autarquia. “Ao ignorar as demandas dos mais de 7 mil médicos credenciados, a atual administração do Instituto demonstra também descaso com o atendimento em saúde de todos os gaúchos que utilizam o IPE-Saúde diariamente”, conclui o diretor do SIMERS, Jorge Eltz.
Entenda os principais pontos que prejudicam o trabalho e o atendimento dos profissionais pelo plano.
Sistema ineficiente
Um sistema ineficiente, que custa caro e é pago pelos médicos. Essa é a realidade do Pinpad. Trata-se de um leitor do cartão magnético do usuário IPE-Saúde, cuja finalidade está em regular as coberturas assistenciais do plano, como consulta médica em consultórios e pronto atendimento, bem como exames complementares e procedimentos médicos realizados em consultórios e em regime ambulatorial. De acordo com médicos credenciados, a instabilidade do sistema, problemas com o aparelho e o bloqueio da operação para autorizar a consulta são alguns dos problemas ao utilizar o Pinpad.
Além disso, o equipamento requer atualizações periódicas feitas pelo Banrisul em um serviço precário, prestado por profissionais sem treinamento ou sem informações, ocasionando em mais demora na resolução da situação. O que serviria para tornar o serviço mais ágil acaba muitas vezes sendo um problema para os médicos.
Falta de diálogo com IPERGS e saída do Grupo Paritário
SIMERS, Cremers e Amrigs decidiram se retirar do Grupo Paritário, criado pela Lei 12.134/2004 e formado pelas entidades médicas, hospitalares e a direção do IPERGS. O grupo foi constituído para discutir e resolver conflitos entre a autarquia e os profissionais, mas, na prática, não havia efetividade. A decisão foi comunicada ao governador José Ivo Sartori, mas até agora nenhuma providência foi tomada.
Valores congelados há mais de cinco anos
Os médicos conveniados ao IPE-Saúde como pessoa física não têm, desde 2011, qualquer reajuste nos valores da tabela-IPE para consulta e procedimentos. São mais de cinco anos de valores congelados e sem perspectiva de mudança. Os médicos temem pelo futuro do atendimento dos funcionários públicos e se negam a ser coniventes com o desmonte do IPE-Saúde.
Pior remuneração entre os planos
Entre os planos de saúde, o IPE-Saúde é um dos que pior remunera a atividade médica. Enquanto a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) prevê R$ 91,65 para consulta, o repasse aos médicos credenciados é de R$ 47 – praticamente a metade.
Médicos continuam atendendo
O SIMERS condena o descaso e desrespeito do IPERGS com os médicos e beneficiários do IPE-Saúde. Para a entidade, os médicos estão pagando para atender os 1,3 milhão de segurados do plano administrado pelo governo. “Se forem fazer a conta, os médicos pagam para trabalhar. Se atendo em posto de saúde, recebo salário, e as despesas do SUS. Quando atendo pelo IPE-Saúde, o valor tem de cobrir minhas despesas de consultório (salário da secretária, aluguel, água, luz, telefone e etc.) e hoje não cobre”, explica o presidente do SIMERS, Paulo de Argollo Mendes.
Mesmo diante de tantas adversidades, os médicos seguem atendendo pelo plano, assegurando as consultas de seus pacientes.
SIMERS vai à Justiça para exigir equilíbrio financeiro do IPERGS
“Depois de cinco anos de conversas e muitas notificações, não tivemos nem ao menos a inflação reposta. Esgotaram todas as possibilidades, por isso não tivemos outra saída a não ser recorrer à Justiça”, ressalta o diretor do SIMERS Jorge Eltz. A
ação do SIMERS foi protocolada na 3ª Vara da Fazenda Pública da Justiça Estadual em Porto Alegre e cobra que a direção do IPERGS assegure o equilíbrio econômico financeiro do contrato de credenciamento firmado com os médicos, concedendo reajuste no valor da consulta equivalente à atualização monetária pelo índice INPC, a partir de 2011.