Em 100 anos, a presença da mulher na Medicina praticamente dobrou no Brasil. Conforme dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), que levam em conta os profissionais em atividade, o percentual de médicas passou de 22,1% em 1910 para 39,9% em 2010. Segundo a Demografia Médica no Brasil 2015, no cenário atual, as mulheres já são maioria entre os médicos com até 29 anos: 56,2% contra 43,8% dos homens.
Até 2010, a entrada de homens na Medicina ainda era maior. Em 2011 ocorreu a mudança, com o número de mulheres ingressando na profissão superando o de homens: 52,6% contra 47,4%. A partir daquele ano, a entrada de mulheres foi sempre crescente. Em 2014, foi verificado que 54,8% das pessoas que entraram na profissão eram do sexo feminino e 45,2% do sexo masculino.
Conforme o estudo, em comparação com os homens, as mulheres estão mais nos serviços públicos e menos em consultórios particulares e sua remuneração é menor, embora a carga horária seja parecida com a dos homens.
Entre as 53 especialidades reconhecidas, as mulheres são maioria em 15 (28,3%), de acordo com a Demografia Médica no Brasil 2015. Dermatologia e Pediatria são aquelas com maior número de médicas, 74,4% e 71,1%, respectivamente. O estudo apontou a tendência de feminilização mais rápida em algumas especialidades médicas. As mulheres já são maioria em Clínica Médica (50,4%), Ginecologia e Obstetrícia (52,9%) e Medicina de Família e Comunidade (56,5%).
No Rio Grande do Sul, as mulheres também são maioria na Dermatologia. Do total de membros da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Secção RS, 413 são do sexo feminino e 101 são do sexo masculino. O presidente da entidade, o médico Gustavo Pinto Corrêa, atribui o dado ao número crescente de mulheres na Medicina em geral, mas também ressalta as possibilidades da especialidade. “As várias áreas de atuação na Dermatologia atraem as mulheres”, destaca.
Histórico das brasileiras na Medicina
A primeira mulher brasileira a se formar médica foi Maria Augusta Generoso Estrela. Ela estudou em Nova Iorque, através de uma bolsa de estudos dada pelo Imperador D. Pedro II, e concluiu o curso na cidade americana em 1879. No Brasil, neste mesmo ano, uma reforma no Ensino pelo Decreto nº 7217 de 19 de abril facultou o acesso de mulheres ao Ensino Superior, desde que as aulas fossem ministradas em separado.
A gaúcha Rita Lobato foi a primeira médica formada no Brasil. Ela estudou no Rio de Janeiro e na Bahia. Em 1887, defendeu a tese “Paralelo entre os métodos preconizados na operação cesariana”.