Na Luta Pela Vida: quando a gratidão fica marcada na pele
Kátia Zappe tinha 34 anos, uma carreira em ascensão e uma vida social agitada quando descobriu que sua lesão no colo do útero, na verdade, era um câncer – ou “carcinoma epidermoide queratinizante invasor”, como indicava o diagnóstico recebido naquele...
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01/12/2017 13:44
Kátia Zappe tinha 34 anos, uma carreira em ascensão e uma vida social agitada quando descobriu que sua lesão no colo do útero, na verdade, era um câncer – ou “carcinoma epidermoide queratinizante invasor”, como indicava o diagnóstico recebido naquele 18 de fevereiro de 2016. Àquela altura, o tumor já media 3,5cm.
Uma alternativa seria retirar o útero. Mas os médicos recuaram diante do aparecimento de dois linfonodos “doentes”, que indicavam a possibilidade de haver microcélulas cancerígenas em seu organismo. Restou a opção do tratamento mais longo: Kátia passaria por 29 sessões de radioterapia e mais seis ciclos de quimioterapia.
Quatro meses depois, Kátia sofreu uma infecção intestinal e teve de se submeter a uma cirurgia. Retirou 40cm dos intestinos delgado e grosso e passou 20 dias internada. “Nunca tinha visto a bolsa de ileostomia. Quando acordei no quarto, tinha um ser estranho na minha barriga – e eu estava obrigada a conviver com ele”, relata. Segundo ela, foi aí que começou a parte mais difícil da luta contra o câncer. “Foram 11 meses com essa bolsa. Enfrentei muitos obstáculos durante esse tempo. Tinha que ter cuidado ao me vestir e até mesmo sair na rua porque a bolsa enchia logo e se eu precisasse ir ao banheiro ele teria que ter o mínimo de higiene. A vida social também ficou bastante prejudicada por não conseguir ficar muito tempo fora de casa. Isso muda a vida de uma pessoa.”
Felizmente, ao longo de todo esse tempo, Kátia teve o apoio do cirurgião oncológico Márcio Boff. Foi ele quem realizou, em 28 de agosto de 2017, a cirurgia de reversão da bolsa. “E a vontade que tu tens de abraçar o mundo, os médicos, é enorme. Eu nem acreditava que tinha conseguido ficar todo aquele tempo com a bolsa”, diz Kátia.
Hoje, Kátia segue na luta. De agosto a junho de 2018, fará acompanhamento médico de três em três meses. Depois, até 2020, de seis em seis meses. E a partir de então passará o resto da vida controlando o problema. “Foi por isso que decidi homenagear quem salvou a minha vida. São pessoas que passarão o resto dos meus dias me acompanhando”, revela.
A homenagem
Apaixonada por tatuagens, Kátia sempre quis retratar na pele algo que tivesse um significado importante. Foi quando surgiu a ideia de tatuar as assinaturas dos médicos que lhe devolveram a vida.
“O médico da quimioterapia, chefe de Serviço de Oncologia do Hospital São Lucas da PUC, Dr. Andre Fay, me mandou a assinatura dele no dia seguinte. Já o cirurgião, Dr. Márcio Boff, é mais reservado. Primeiro, ele ofereceu a rubrica, mas não era isso que eu buscava exatamente”, conta. Para conseguir a assinatura completa, Kátia contou com a ajuda de uma amiga que conhecera durante as internações – e cuja família tinha uma relação mais próxima com o Dr. Boff. “Dei uma desculpa dizendo que gostaria da assinatura para uma lembrança de final de ano e ela conseguiu para mim”, recorda.
A revelação
Em uma reconsulta, após o exame de rotina, Kátia mostrou a homenagem: as assinaturas dos dois médicos estavam eternizadas em seu braço esquerdo. “Foi um momento muito bonito. Eles se emocionaram. Olhos lacrimejaram. Jamais esperavam esse gesto de uma paciente”, diz ela.
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