30/08/2018 10:50
Porto Alegre, Campo Bom, Novo Hamburgo, Canela e Caxias do Sul. Além de serem cidades gaúchas, o que todas elas têm em comum? Para Adriano Aguirre, elas são parte de um roteiro que ele vem percorrendo semanalmente ao longo dos últimos três anos: o das sessões de diálise.
Mas a história de Aguirre não é única. Todos os dias, os pacientes que dependem da terapia renal substitutiva (TRS) precisam deixar seus municípios em busca de tratamento, que é cada vez mais escasso.
No Dia D da Diálise, celebrado ontem (29/ago), a Frente Parlamentar em Defesa da Nefrologia Gaúcha, apoiada pelo Simers, esteve reunida para discutir os problemas de pacientes como Aguirre – e também dos profissionais que atuam nessa área.
Faltam recursos
“Não há fila de espera para diálise ou hemodiálise, pois quem não tiver acesso ao tratamento não vai sobreviver. Então, a única escolha é lutar por todas essas vidas”, destacou, em sua fala, a diretora do Simers Gisele Lobato. Para ela, a situação é fruto de 14 anos de verbas congeladas na área.
O subfinanciamento também balizou a fala do nefrologista João Carlos Biernat. De acordo com ele, a perspectiva é que as clínicas deixem de atender pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou acabem fechando as portas – ainda que nenhuma das alternativas seja vista como ideal.
A presidente da Sociedade Gaúcha de Nefrologia, Miriam Gomes, trouxe o panorama que se apresenta com a Portaria 1.675/2018. Em vigor desde junho, ela propõe uma série de mudanças no modo como o atendimento ao paciente que precisa de TRS é feito. “O texto proposto é muito bonito, mas faltou diálogo com aqueles que vivem essa realidade”, ponderou.
Já o médico Valter Duro Garcia mostrou um pouco do funcionamento da área de transplante renal no Rio Grande do Sul. Trata-se de uma alternativa que representa mais qualidade de vida ao paciente, mas que ainda carece de atenção e, novamente, financiamento.
Medicamentos em falta
Também participaram do evento inúmeros pacientes. Eles também denunciaram a dificuldade em conseguir medicamentos. É o caso de Mauro Ricardo Antunes, que teria ficado seis meses sem o remédio que precisava, caso não tivesse conseguido arcar com os custos. “Felizmente, eu tinha essa condição, mas cheguei a dividir com outros que não conseguiam comprar por conta própria”, relatou.
Autoridades ausentes
Diversas autoridades foram convidadas para a reunião da Frente Parlamentar. Infelizmente, nem todas se fizeram presentes. Foram sentidas as ausências de representantes das secretarias de Saúde Estadual e Municipal, bem como da Câmara Municipal da Saúde, do Ministério Público e da Defensoria Pública.