Elevados investimentos e tempo de estudos nem sempre são suficientes para promover o desenvolvimento científico. No caso da Medicina, alguns dos maiores avanços só foram possíveis devido a um componente inesperado: o acaso. Incidentes, imprevistos e até esquecimentos registrados durante os processos de pesquisa estão por trás de algumas importantes conquistas que aprimoraram tratamentos e, até hoje, salvam vidas. Conheça alguns exemplos:
Um esquecimento deu origem a um dos medicamentos que mais vidas salvou na história da humanidade. Em 1929, o médico escocês Alexander Fleming saiu de férias e deixou sobre a mesa de seu laboratório no Hospital Saint Mary, em Londres, amostras de uma cultura de estafilococos que estudava. Ele pesquisava substâncias que fossem capazes de combater bactérias em ferimentos. Ao retornar, o pesquisador verificou que havia mofo em volta da amostra e, nesta área, as bactérias não se multiplicavam. O bolor era ocasionado pelo penicillium, uma variedade de fungos. Inadvertidamente, o cientista havia desenvolvido a penicilina, o primeiro antibiótico da história.
O desenvolvimento do Raio X rendeu ao físico alemão Wilheelm Conrad Rontgen o Prêmio Nobel da Medicina em 1901. A descoberta, feita seis anos antes, ocorreu praticamente de forma fortuita. Wilheelm observava como se dava a condução de raios catódicos por tubos de vidro quando percebeu um brilho projetado em uma placa fosforescente. Ao colocar a mão sob o feixe, o cientista conseguiu enxergar seus ossos na imagem. A descoberta revolucionou a Medicina, especialmente a pesquisa diagnóstica.
A primeira substância a se mostrar eficaz no combate ao vírus HIV teve as pesquisas para seu desenvolvimento interrompidas por mais de uma década e, por pouco, não foi completamente descartada. Na realidade, o medicamento foi desenvolvido ainda nos anos de 1960, mas seu objetivo era o tratamento de alguns tipos de câncer. Como se mostrou ineficaz para este fim, foi deixado de lado. Nos anos de 1980, com a epidemia do HIV, o AZT foi recuperado e apresentou bons resultados no combate a uma enzima chamada transcriptase reversa, que facilita a reprodução do vírus no organismo.
Quando o Viagra começou a ser desenvolvido, sua eficácia na reversão da disfunção erétil nada mais era do que um efeito colateral. Na realidade, o medicamento foi projetado para o tratamento da angina e da hipertensão. Em 1992, os resultados insatisfatórios no combate destas duas patologias indicavam que era hora de encerrar as pesquisas. O efeito colateral inesperado, porém, fez o laboratório responsável readequar o projeto. Sete anos depois, era lançado comercialmente o Viagra, medicamento que revolucionou o tratamento da impotência sexual.
Ainda que o acaso tenha sido decisivo no desenvolvimento das técnicas e medicamentos acima, cabe uma ressalva: tais incidentes só ocorreram por que havia cientistas dedicando tempo e conhecimento à busca de novas formas de salvar a vida das pessoas. Sem eles, os avanços não seriam possíveis.
O Simers utiliza cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para melhorar a experiência de usuário. Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.