Mesmo sem perspectiva de abertura de negociações por parte do governo, os médicos peritos do INSS anunciaram que retomarão os postos de trabalho na próxima segunda-feira (25), ainda em estado de greve. A fim de amenizar o sofrimento da população desassistida, serão mantidos apenas os atendimentos essenciais, ou seja, àqueles que ainda não se submeteram à perícia médica inicial. Os segurados que já se encontram amparados pelo benefício previdenciário têm seus direitos mantidos e deverão continuar recebendo. Novas paralisações no futuro não estão descartadas.
“Chocados com o descaso do governo e com caos instalado pela gestão, nos sentimos sensibilizados pelo drama da população não-atendida e, por termos ciência que o governo não está se importando com isso e, se necessário fosse, continuaria a deixar os segurados da Previdência Social na penúria, decidimos em Assembleia Geral Extraordinária realizada no dia 16 de janeiro mudar nossa forma de protesto”, informou a Associação Nacional dos Médicos Peritos.
Os médicos peritos deram início ao movimento grevista em 4 de setembro, motivados pela ausência de respostas do governo aos graves problemas que atingem a função e se refletem no atendimento à sociedade. A falta de uma política adequada para a carreira e a ineficiência da gestão do benefício por incapacidade levaram a União a gastar R$ 125 bilhões anuais, sendo metade disso em benefícios pagos sem perícia médica. Em cinco anos, quase 3 mil profissionais abandonaram a carreira e, atualmente, a taxa de evasão é de dois peritos por dia, algo inédito no serviço público federal.
“Apesar da longa paralisação, o governo se manteve insensível e negligente ao drama da população, intransigente e implacável com a categoria pericial, nos tratando como se fossemos inimigos do Estado. Ao priorizar um combate desleal com os peritos em detrimento de uma rápida resolução do caso, o governo preferiu apostar na vitória sobre a categoria pelo cansaço, sem se preocupar com o caos gerado na vida da população que não consegue atendimento. Ao invés do diálogo o governo cortou integralmente os salários dos servidores e iniciou uma série de ataques e ameaças aos peritos médicos em todo o Brasil”, denuncia a nota da ANMP.
“Esperamos que com esta atitude de distensionamento, o governo saia da trincheira em que se colocou e volte a negociar com a categoria, pelo bem do serviço público e da sociedade brasileira”, encerra o texto.