Poluição do ar causa doenças pulmonares em crianças

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a poluição seja um dos maiores influenciadores da mortalidade infantil. Dados das Nações Unidas apontam que uma a cada quatro mortes de crianças menores de cinco anos está associada a ambientes insalubres que diz respeito a falta de saneamento e poluição do ar. Mas como se proteger de algo em que somos obrigados a inalar? Respirar faz parte da vida. Mas ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, a poluição que atinge as crianças está concentrada mais dentro de casa do que fora dela. É a conhecida Poluição Indoor, aquela gerada na residência. “Acender a fogueira para se aquecer no inverno gera um componente ruim para o organismo das crianças. A gente achava que a poluição inalada fazia mal só para o pulmão, mas tem outras ações: aumenta o risco de doença oncológica, desqualifica o sistema nervoso, causa obesidade, e agora associam que a poluição tem repercussão na mortalidade”, diz o médico pneumologista infantil e chefe do Centro Integrado de Emergências Médicas do Hospital da Criança Santo Antônio, Sérgio Amantea. Na Ásia, programas de combate à poluição interior obtiveram sucesso utilizando fogões com melhor exaustão. Foi reduzido o nível de contaminação nas casas e ocorreu uma melhora da saúde nas famílias, principalmente das crianças. Os cuidados nos primeiros anos de vida são determinantes, e os bebês expostos a poluição neste período têm propensão a ter doenças respiratórias. Uma dica do médico é deixar a criança fora da cozinha, já que a poluição indoor é gerada dentro do domicílio a todo instante, e pode ter reação direta no pulmão. Já na poluição externa, algumas medidas devem ser tomadas para que a emissão desses poluentes não interrompa o ciclo de vida de crianças. “Projetos que reduzam a remessa de CO2 na atmosfera como, por exemplo, nos transportes públicos de baixa emissão e na geração de energia que não seja derivada de óleo ou carvão”, destaca o médico. Amantea salienta ainda que o perfil das pessoas que morrem parece ser mais significativo nos lugares de baixo desenvolvimento sócio econômico. Em Porto Alegre, segundo ele, se tem pouco estudo de qualidade do ar.

Parque da Redenção

O número de automóveis aumentou de forma exponencial nos últimos anos, o que culmina com mais poluição. No ano passado, o Rio Grande do Sul registou um incremento de 2,7% na frota no Estado. Só em Porto Alegre já são mais de 829 mil veículos circulando. Nessas horas, a saúde é diretamente afetada por problemas respiratórios devido à emissão de gás poluente. “As vias expressas ao redor do Parque Farroupilha (Parque da Redenção), prejudicam a qualidade do ar no local. Trinta metros para dentro do Parque notamos a diferença ao respirar. O volume de automóveis é bastante grande. Na Zona Sul de Porto Alegre existe um ar de ótima qualidade”, finaliza Amantea.