Quando a violência vira rotina: mais de 67% dos médicos já sofreram agressões em Cachoeirinha
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Quando a violência vira rotina: mais de 67% dos médicos já sofreram agressões em Cachoeirinha

Levantamento do Simers mostra que maioria dos profissionais já vivenciou episódios de violência no trabalho e mais da metade não registrou ocorrência

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29/12/2025 13:58

Após denúncias recebidas pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), a entidade iniciou uma série de ações para ouvir profissionais e mapear casos de violência contra médicos no município de Cachoeirinha/RS. A iniciativa integra o trabalho desenvolvido pelo Observatório da Violência do Simers, com foco no diagnóstico do problema e na construção de soluções que garantam mais segurança aos profissionais e melhor qualidade no atendimento à população.

A ação é promovida pelo Núcleo de Atenção Primária e Medicina de Família e Comunidade e pelo Núcleo Médico Jovem do Simers, após o registro de quatro agressões contra médicos em apenas uma semana, no mês de setembro. Entre outubro e dezembro, diretores do sindicato visitaram unidades de saúde do município e aplicaram um formulário sobre segurança no ambiente de trabalho. Ao todo, 39 médicos participaram do levantamento.

Os dados revelam um cenário alarmante: mais de 67% dos médicos afirmaram já ter sofrido algum tipo de violência no exercício profissional. A violência verbal foi a mais citada, seguida por ameaças. Outro dado relevante é que 57,7% dos participantes não realizaram qualquer tipo de registro formal após os episódios, como boletim de ocorrência, apontando medo, descrédito e a percepção de que a denúncia não resultaria em providências efetivas.

Os relatos indicam que os principais gatilhos para as agressões estão relacionados à recusa na emissão de atestados médicos, discordâncias quanto às condutas clínicas, não prescrição de medicamentos ou não solicitação de exames. Familiares e acompanhantes, especialmente pais ou responsáveis por crianças,  aparecem como os principais autores das agressões.

O levantamento também evidencia a sensação de abandono institucional. A maioria dos médicos relatou ter enfrentado as situações sozinhos ou com apoio de colegas, sem acolhimento ou respaldo da gestão. Expressões como “sem apoio institucional” e “nenhum tipo de suporte” foram recorrentes nos questionários.

Para a diretora de Políticas Estratégicas do Simers, Márcia Barbosa, os dados refletem uma realidade que não pode ser naturalizada. “A violência não pode fazer parte da rotina dos serviços de saúde. Esse debate precisa acontecer e, principalmente, resultar em respostas concretas. Garantir segurança aos profissionais é garantir qualidade de cuidado à população”, afirma.

Além do mapeamento, o Simers destaca que tem atuado de forma ativa na busca por soluções. A entidade já encaminhou ofícios à Câmara Municipal e à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e está solicitando agendas com os gestores, com o objetivo de avançar na proteção dos profissionais e na reorganização dos fluxos de segurança nas unidades.
Em resposta ao sindicato, a Secretaria Municipal de Saúde informou que já está trabalhando com ações preventivas relacionadas à segurança nas unidades de saúde.

Leia Mais:

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https://www.simers.org.br/noticia/simers-e-sindomed-acompanham-caso-de-agressao-a-medico-em-santa-maria
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https://www.simers.org.br/noticia/simers-apresenta-o-observatorio-da-violencia-a-secretaria-estadual-da-saude

Entre as principais sugestões apontadas pelos médicos estão a presença de guarda municipal ou vigilância 24 horas, controle de acesso às unidades, instalação de câmeras de monitoramento e botões de pânico, além de medidas organizacionais, educativas e de valorização profissional.

O Simers reforça que ouvir, registrar e agir é um compromisso permanente com os médicos e com a construção de ambientes de cuidado mais seguros, respeitosos e acolhedores para todos.

Tags: Segurança Violência em postos de saúde Observatório da Violência Violência contra os médicos

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