
A palavra
depressão e seus amplos sintomas já são conhecidos pela sociedade, mas mesmo assim o vocábulo ainda gera dúvidas quanto ao diagnóstico correto da doença. Ela se confunde muito com tristeza, com desânimo, embora façam também parte dos critérios diagnósticos para a depressão.
Esses dois últimos sentimentos sempre ocorrem em algum momento da vida, quando a pessoa se vê em impotência e que geralmente acontece devido à uma situação específica. Diferente da Depressão, que é um estado crônico no qual o indivíduo se mostra desanimado, sem vontade para nada e torna-se incapaz de sentir prazer até mesmo com coisas que antes o fazia bem. A Depressão é um grave transtorno e pode causa estragos na vida de quem sofre dela.
Devidamente analisada, as chances de as pessoas não terem prejuízos entre amigos, família, no trabalho, são grandes. Caso contrário, só aumentam as dificuldades de se relacionar, de irritabilidade, de se isolar, prejudicando toda e qualquer convivência.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão afeta cerca de 340 milhões de pessoas e causa 850 mil suicídios em todo o mundo por ano. No Brasil, são aproximadamente 13 milhões de indivíduos que sofrem deste mal. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que no Brasil, 7,6% dos adultos já tiveram a enfermidade, o que equivale a 11 milhões de pessoas.
O Rio Grande do Sul está no topo da lista em casos de pessoas com depressão (13,2%), seguido dos estados de Santa Catarina (12,9%) e Paraná (11,7%). Em contrapartida, os do Norte tem um número baixo de pessoas acometidas pela enfermidade, como por exemplo o Pará, em que apenas 1,6% de pessoas com mais de 18 anos receberam o diagnóstico positivo, seguido de Amazonas com 2,7%.
Quais são as causas
A depressão pode ser desencadeada por eventos da vida, seja por doença ou perda de um parente, por situações corriqueiras que colocam em cheque o potencial do indivíduo ou quando sofre humilhação, dentre tantos outros casos. Mas para ela, não há uma causa única. É uma junção de fatores que desencadeiam, sejam eles ambientais, genéticos, psicológicos ou bioquímicos.
Segundo o Psiquiatra e coordenador da equipe de Saúde Mental do Hospital de Pronto Socorro, Jair Segal, é importantíssima a intervenção de um profissional especializado para o tratamento, seja ele feito à base de psicoterapia ou com medicamentos antidepressivos. A pessoa pode vir a ver obstáculos no momento de executar tarefas, tendo dificuldades no ramo familiar e laboral. “Ataca a concentração da pessoa, a auto estima, a confiança fica diminuída, ela tem perturbações no sono e uma sensação de culpa, inutilidade, passa ver o mundo de uma maneira muito negativa. O apetite costuma ser abalado e, com todas essas características reunidas, pode vir a ter comportamento suicida”, ressalta Segal. Outro ponto destacado pelo doutor é o fato desses sentimentos não serem devidamente valorizados pelas pessoas do convívio, não identificando o problema.
A genética da depressão
Para quem tem histórico familiar existe estudos que analisam uma pré-disposição genética para depressão. Os riscos aumentam. A propensão de ter a doença cresce, mas os fatores ambientais podem transmitir condições de proteção.
Medicamento não vicia
Os medicamentos antidepressivos são indicados para melhorar os sintomas da depressão. Dentre os 7,6 adultos diagnosticados com depressão (IBGE), 52% usam remédios. Para o psiquiatra Segal, não há risco da pessoa ficar dependente; “não há como a pessoa tratada se tornar dependente deste fármaco e eles melhoram muito a qualidade de vida”. Salienta que existe um preconceito muito grande com relação a este tipo de tratamento por atuar no sistema nervoso central. Se o uso de um medicamento for para uma doença orgânica, que não uma doença mental, a aceitação sempre é melhor. Ele ressaltou que “os medicamentos vieram para beneficiar as pessoas e não causar dependências, diferente dos calmantes que agem em outras áreas cerebrais, atuando em outros receptores e que causam dependência após algumas semanas de uso.
Outro tratamento muito indicado é a psicoterapia, mas apenas 16,4% dos acometidos fazem. Os números de pessoas diagnosticadas com depressão têm crescido e, segundo a OMS, em 2030 será a doença mais comum no mundo.