Sabonetes antibacterianos colocam em risco a saúde da população

Nos EUA o Food and Drug Administration (FDA), órgão equivalente à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil, emitiu uma orientação que proíbe a comercialização de determinados sabonetes antibacterianos. Estão sendo retirados das prateleiras dos supermercados norte-americanos os sabonetes que contenham substâncias como triclosan e triclocarban. A justificativa para a nova regra é que não há garantia de que estes produtos sejam seguros a longo prazo. Para o pediatra e presidente da Associação Gaúcha de Controle de Infecção, Adão Machado, as moléculas encontradas no triclosan são prejudiciais não só a saúde de pessoas como para o meio ambiente. “O triclosan, presente em uma enorme quantidade de sabonetes para proteger as pessoas das bactérias, e também em desodorantes, cremes para o corpo e pastas de dentes (ditas com 12 horas de ação), não é um produto cujos benefícios (poucos) superem seus riscos (muitos). Embriotóxico para várias espécies, perturbador potencial do funcionamento da tireóide humana e também é um comprovado agente causador de multirresistência bacteriana, deveria ser banido de produtos de uso livre”, alerta o Machado. Quando o triclosan é usado para higienizar mãos e corpo ele é absorvido pela pele e vai aparecer no sangue influenciando toxicamente o organismo humano. “A molécula é muito antiga e quando foi lançada era considerada segura. Com o tempo descobrirmos que o triclosan é um vilão. Estudos feitos em gestantes encontraram o triclosan no sangue das mães, do cordão placentário e no sangue dos bebes”, destaca Adão completando que “no meio ambiente as águas contaminadas com triclosan mostraram que alguns anfíbios não completam seu ciclo vital. Não conseguem se reproduzir porque morrem pelo caminho”. Nos EUA, as industrias têm prazo até 2017 para se adaptarem as novas regras eliminando por completo o triclosan em produtos de uso pessoal ou domiciliar. No Brasil, as sociedades de controles de infecção estão discutindo medidas a serem tomadas. “Vamos pressionar o governo para fazer as indústrias pararem de usar esse produto”, conclui Machado.