O Rio Grande do Sul é o estado brasileiro mais preparado para prestar socorro a pessoas acometidas por Acidente Vascular Cerebral (AVC). A afirmação é da presidente da Rede Brasil AVC, a neurologista Sheila Martins. Dos 51 centros de atendimento de urgência ao AVC habilitados pelo Ministério da Saúde em todo o Brasil, 18 se localizam em terras gaúchas – e 14 deles estão concentrados em Porto Alegre e região metropolitana. A disponibilidade de centros de urgência é fundamental para acelerar o socorro e reduzir a probabilidade de morte por AVC. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que, entre a entrada no hospital e o início do tratamento trombolítico, o paciente espere não mais do que 60 minutos. No Brasil como um todo, porém, o cenário predominante é de falta de estrutura adequada para o tratamento do AVC. Uma pesquisa publicada em julho pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) revela que, para 52,7% dos neurocirurgiões e neurologistas entrevistados, a estrutura de atendimento de urgência é “péssima” ou “ruim”. Outros 8% afirmam que essa estrutura simplesmente “não existe”. Para a neurologista Sheila Martins, as dificuldades são mais que estruturais. “O problema desses locais é a falta de itens essenciais para o atendimento, que não chegam nem perto do necessário. Mas creio que a gente [no Rio Grande do Sul] tenha muito mais hospitais bem preparados do que apareceu na pesquisa”, ressalta. No mundo, a cada ano, são registrados 17 milhões de AVCs, e cerca de 6,5 milhões resultam em mortes. Segundo a World Stroke Organization, uma a cada seis pessoas sofrerão com essa enfermidade durante a vida.     Pela falta de um neurologista nas unidades de atendimento, criou-se a telemedicina, em que o médico especializado analisa a imagem à distância, em tempo real, através de webcam.  O que é o AVC? O Acidente Vascular Cerebral (AVC) acontece quando o sangue não chega a alguma parte do cérebro. Existem dois tipos de AVC: o Isquêmico, que ocorre quando há um bloqueio na artéria que irriga o cérebro, e o hemorrágico, que é deflagrado pelo rompimento de vasos sanguíneos, provocando um derrame. Todos os anos, cerca de 100 mil brasileiros morrem por AVC, de acordo com o Ministério de Saúde. Dicas Os médicos preconizam que todo e qualquer paciente chame o SAMU pelo número 192. Os profissionais que atuam no Serviço de Urgência e Emergência têm expertise para o atendimento imediato. Outra dica é utilizar o aplicativo da Rede Brasil AVC, que oferece um cadastro de todos os centros de AVC do Brasil. O aplicativo direciona o paciente para o Centro de Referência mais próximo e aponta se a Unidade atende via SUS ou privado.

Tipos de Centro de Referência

Tipo I É o mais simples. Contém sala de emergência e suporte por telemedicina. Realiza serviço de laboratório clínico em tempo integral e dispõe de equipe neurocirúrgica 24h por dia – presencial ou disponível em até duas horas. Realiza serviço de hemoterapia. Tipo II Atendimento de urgência e doenças agudas da aorta. Conta com medicamento trombolítico e condições de hospedar o paciente por até três dias antes da transferência para um leito comum. Tipo III Unidade de saúde integral. Possui atendimento de urgência e disponibiliza toda uma equipe de reabilitação do paciente.

Centros de Referência no Rio Grande do Sul

Abaixo estão os hospitais de referência ou de retaguarda para a assistência ao AVC: Porto Alegre Hospital de Clínicas de Porto Alegre  Hospital Moinhos de Vento Hospital Mãe de Deus Hospital São Lucas da PUCRS  Hospital Santa Casa Porto Alegre  Hospital Nossa Senhora da Conceição  Hospital Cristo Redentor  Canoas Hospital de Pronto Socorro de Canoas  Hospital Nossa Senhora das Graças Canoas  Gravataí Hospital Dom João Becker  Novo Hamburgo Hospital Geral de Novo Hamburgo  Sapucaia do Sul Fundação Hospitalar Municipal Getúlio Vargas  São Leopoldo Hospital Centenário Torres Hospital Nossa Senhora dos Navegantes Capão da Canoa Hospital Santa Luzia Tramandaí Hospital Tramandaí  Viamão Instituto de Cardiologia (Hospital de Viamão)  Gramado Hospital Arcanjo São Miguel   Update: A reportagem original informava que o RS conta com 21 Centros de Referência ao AVC, sendo 16 na região metropolitana. Os números foram corrigidos para 18 e 14 respectivamente.