A violência sofrida por uma médica no estacionamento do Hospital Ernesto Dornelles (HED), na madrugada desta quarta-feira (20), gerou revolta e fez o Sindicato Médico do RS (SIMERS) cobrar com mais intensidade segurança nas unidades de saúde de Porto Alegre. A integração de sistemas de videomonitoramento e vigilância de órgãos de segurança - Brigada Militar, Polícia Civil e Guarda Municipal - é defendida e vem sendo proposta pela entidade aos organismos há anos, sem que seja implementada.
A situação piora a cada mês, lamentou o presidente do SIMERS, Paulo de Argollo Mendes. "A médica teve muita sorte, poderia ter sido pior. Vamos esperar um novo episódio? O que precisa acontecer para que Estado e prefeitura ajam? ", afirmou Argollo.
Porto Alegre registra casos semanais de violência, como atuação de criminosos em zonas conflagradas. O caso da médica está sendo acompanhado desde o começo da manhã e já foi feito contato com a direção do hospital e Brigada Militar para verificar as circunstâncias da ocorrência e medidas para assegurar condições de trabalho e acesso à população aos serviços.
O hospital informou que irá rever a cedência do espaço para o operador do estacionamento e admitiu que falta segurança, como efetivo de seguranças. O prédio fica ao lado das edificações do HED e ainda está inacabado. Segundo o hospital, o segurança que socorreu a médica não faz parte da equipe do estacionamento e sim da instituição. Ele ouviu os gritos de socorro da profissional e foi ajudar, segundo informação repassada ao SIMERS nesta manhã.
Levantamento do Sindicato mostra que, em 2016, são sete casos de violência em unidades de saúde de Porto Alegre. Em 2015, foram 33 ocorrências no Estado, sendo 22 somente na Capital. Em 2014, haviam sido 14, oito em Porto Alegre. Este ano o que chama a atenção é a nível da violência, pois três casos foram em hospitais (um no HPS e dois no Cristo Redentor), com mortes ou tentativas de execução. Também em postos como o Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (PACS) há ação de criminosos no entorno que instaura o medo permanente. A ação do tráfico também gera medo, que nem sempre acaba em registros, esclarece o SIMERS.
Pelo menos dois episódios chegaram ao Sindicato recentemente: na Vila dos Sargentos, traficantes impõem toque de recolher, e no Postão 24 horas da Bom Jesus, zona leste da Capital, criminosos impedem que médicos e outros profissionais usem uma área mais segura para deixar veículos, o que amplia a insegurança.