Simers realiza curso para pais e mães médicos
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Simers realiza curso para pais e mães médicos

O Simers, por meio do Núcleo de Educação e Tecnologias em Saúde realizou no sábado, 26, no Auditório Carlos Sá, a primeira etapa do curso “Pais e Mães”, visando compartilhar experiências e conteúdos utilizando uma linguagem específica para os pais mé

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01/12/2022 15:16

O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), por meio do Núcleo de Educação e Tecnologias em Saúde da entidade realizou no sábado, 26, no Auditório Carlos Sá, a primeira etapa do curso “Pais e Mães”, visando compartilhar experiências e conteúdos utilizando uma linguagem específica para o público em questão: os pais médicos. O objetivo, explica o coordenador do Núcleo, Guilherme Peterson, é fornecer informações sobre diversos assuntos ligados à vida do bebê para que seus responsáveis e cuidadores tenham maior consciência sobre os aspectos fundamentais da segurança e desenvolvimento da criança nas fases iniciais. O curso terá prosseguimento no próximo sábado,3 de dezembro. 

O curso foi totalmente gratuito para os médicos sócios da entidade médica e teve como público alvo pais e mães de crianças de até dois anos, além das mamães em período de gestação. Foram abordados temas do cotidiano do responsável e o curso tem a duração de 6 horas, dividido em dois sábados.

A primeira palestra da manhã de sábado, 25, foi conduzida pelo médico Cristiano Salazar. Ele tratou do tema "Gestação - Padrões da normalidade". Como se dirigia a um público formado por médicos e médicas e grávidas, ele tratou de desfazer sensações desagradáveis das grávidas nessa condição. 

Cristiano Salazar disse que os médicos ficam com "olhar enviesado" quando estão grávidos, porque alterações endocrinológicas são muito grandes na mulher nessa condição, produzindo mudanças acentuadas em quase todos os padrões. Ele comentou que há um registro de aumento de peso nas grávidas, uma necessidade maior de proteínas, registro de diabete, alterações hemodinâmicas, também alterações osteomusculares, aumento das mamas e do 
útero, alterações respiratórias, fica mais fácil aparecer com o nariz entupido, o rim aumento de peso, a grávida costuma apresentar incontinência urinária, tem aumento do apetite e da salivação, a barriga distende, ocorre a flexibilidade da pele, com o surgimento de estrias. 

Então, de maneira divertida, ele apresentou os dez mandamentos da gestação, para dessacralizar o assunto: 

1º mandamento - não mandarás na gestação no primeiro semestre;
2º mandamento - situações de risco no trabalho, não fazer esforços, não trabalhar mais de oito horas por dia, o que fica difícil para grande número de profissionais da medicina;
3º mandamento - Engordarás - haverá um aumento médio entre 11,5kg a 12 quilos  durante a gravidez, mas o médico Cristino Salazar acalma as grávidas, porque logo após o parto haverá a perda mínima média de oito quilos pela grávida;
4º mandamento - com 20 semanas terás barriga, haverá aumento do abdomen e a grávida passará a sentir o nenê;
5º mandamento - Ficarás mais preocupada com os exames; Cristiano Salazar diz que o Sistema médico do Reino Unido recomenda a realização de ao menos duas ecografias durante a gestação, para acompanhamento do desenvolvimento do nenê;
6º mandamento - Todos têm uma desgraça para contar a uma grávida. Com isso ele alerta sobre as lendas que rondam a gravides. 
7º mandamento - Terás contrações - essas contrações começarão a aparecer na metade do segundo trimestre da gestação e devem ser observadas devido à sua constância e tempo entre e outra, mas são normais no geral; 
8º mandamento - a gestação deve durar entre 39 a 41 semanas;
9º mandamento - amamentar não é fácil, Cristiano Salazar alerta que pode ocorrer o surgimento do "baby blues", que dura em média 11 dias após o parto;
10º mandamento - amamentarás o teu bebê acima de todas as coisas. 

A segunda palestra foi conduzida pelo médico Alexandre Holmer Fiori, pediatra especialista em neonatologia e autor do livro "Tem Filhos? Prepare-Se Para Eles". Fiori, do Centro Médico Mãe de Deus, abordou questões relativas às cesarianas, que são altamente prevalentes no sistema privado de saúde. Ele alertou para ocorrências associadas a este tipo de parto, principalmente o fato de retardar a lactogênese: "Tudo demora mais na cesariana eletiva. Cirurgias plásticas nas mamas anteriores à gravidez também interferem na amamentação do nenê". 

Como o nenê precisa fazer um esforço ao qual não está acostumado, ele acaba, por várias razões, não se saciando na mamada, e isso encurta o tempo entre uma mamada e outra. Gera problema para mãe e para o próprio bebê, explica. Fiori abordou então o uso da chupeta nos berçários como algo que agora é considerado recomendável, para que o organismo da mãe tenha tempo para recuperação do colostro.

Alexandre Fiori insistiu que é preciso ter muita atenção à temperatura do nenê, para que ele não sofra de hipotermia nas primeiras 24 horas: "Se o nenê está suado, pode ter certeza de que ele está com calor". Sobre o umbigo, disse que deve ser mantido seco, porque assim ele secará e cairá mais cedo.

Também alertou que o bebê que mama no peito irá evacuar logo depois: "É preciso limpar, mesmo que o nenê tenha dormido, para evitar que ele venha a sofrer assadura. É para usar creme preventivamente. Pode usar lenço umidificado, mas se houver reação alérgica, substituir por água morna e algodão para a limpeza". Alexandre Fiori também insistiu que é importante colocar um regime para o nenê, alcançando uma mamada a cada duas horas. E falou sobre o "pum": "É vento pressurizado nos primeiros meses de vida. Não é preciso usar remédio para pum. É normal".

E insistiu na observância da evacuação da criança e sinais para evitar a icterícia, Na sequência, falou sobre o sono do nenê e o choro. E fez recomendações:
a - O nenê deve dormir em colchão firme, sem reentrâncias, de densidade 18;
b - O nenê deve ser colocado em decúbito plano no colchão;
c - As cobertas, quando usadas, devem ser presas embaixo do colchão, pelas 
laterais; 
d - Não colocar bichinhos junto ao nenê;
e - De jeito nenhum colocar o nenê junto aos pais, é o lugar mais perigoso 
que pode existir para o nenê devido ao risco de hipertermia.

Sobre a cólica, Alexandre Fiori disse que nenhum pediatra até hoje descobriu o que é a cólica e porque ela ocorre. E não recomenda o uso de medicação para combatê-la, porque essas medicações são à base de morfina e podem ser letais para o nenê. O médico disse que o choro forte do nenê por volta do terceiro dia de nascimento, em geral, é apenas sinal de fome: "A cólica aparece a partir da terceira semana, mas tem prognóstico bom, não acontece nada, a não ser para os pais, porque é desesperante. É preciso ter paciência, paciência, paciência". Ele apresentou estatística mostrando que 30% a 50% dos bebês apresentam choro vespertino. Por que ele falou na necessidade de paciência dos pais? Porque, segundo as estatísticas, é alta a incidência de casais durante o primeiro ano de existência do bebê. 

A terceira palestra foi conduzida pela neuropediatra Alessandra Pereira Marques. Ela se graduou em Medicina pela Universidade Federal de Santa Maria, fez residência médica em Pediatria pelo Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2003) e residência em Neurologia Pediátrica pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre (2006), Fellowship em 
Epileptologia e Neurofisiologia pelo Hospital São Lucas da PUCRS-PCE(2008), fez Mestrado em pediatria pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2007) e concluiu em 2011 o doutorado em Neurociências pela PUCRS e o pós-doutorado pela UNICAMP em neuroimagem e autismo em 2014. Foi professora adjunta da PUCRS até 2021, quando do fechamento da unidade materno infantil no Hospital São Lucas da 
PUCRS e é membro do Serviço de Neuropediatria e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento, onde atua também como preceptora da residência em pediatria.

Alessandra Marques Pereira falou sobre os marcos do desenvolvimento da criança. Ela começou comentando que o cérebro é o único órgão que não nasce pronto, ele passa a se desenvolver a partir do 25º dia do nascimento do bebê e tem uma velocidade impressionante nesse processo, criando conexões e sinapses. A tal ponto que, até o terceiro ano de vida, uma criança já chega a 
ter cerca de 80% do desenvolvimento do cérebro de uma pessoa adulta. Disse ela: "Isso é genético, daí em diante é que o ambiente social passará a ser preponderante, conexões serão elimninadas, conforme não forem demandadas, e outras surgirão. O cérebro não nasce, ele é desenvolvido a partir dos 25 dias de gestação. A plasticidade cerebral se desenvolve pelo resto da vida". A doutora Alessandra Marques Pereira diz que estimulações são possíveis de serem desenvolvidas. Todas estão associadas ao período de desenvolvimento do nenê. 

Os primeiros estímulos estão associados à audição e visão. Os pais devem falar bem perto dos nenês, cerca de 20 centímetros, porque no início eles têm a visão pouco desenvolvida. Os nenês só passarão a emitir sons a partir dos 9 meses. Conforme a doutora Alessandra Marques Pereira, a partir dos dois meses começa a desenvolver a visão e a ouvir os sons. Por isso ela recomenda o desenvolvido do hábito de abraçar o nenê, brincar com ele, conversar, o que ensinará o bebê a se acalmar e também a entrar em uma rotina. Ela disse que o bebê tem um comportamento de sono e vigília diferentes. Alessandra recomenda que os pais falam em uma linguagem clara com os nenês, para que eles se acostumem com a linguagem. Ela também informou que a partir dos quatro meses o nenê começa a mostrar se está feliz ou não irá mais mais dar respostas. é 
quando a visão se desenvolve e ele passa a reconhecer as pessoas da família. 

Aos seis meses, conforme Alessandra Pereira Marques, o nenê já é um "gigante". Aos nove meses irá engatinhar e apresentará desenvolvimento da motricidade fina. Apesar disso, o engatinhar não faz parte dos gatilhos do desenvolvimento. Aos 12 meses, o nenê se mostrará super tímido com estranhos e chorará quando pai e mãe se afastarem. Mas ele já ajudará no habito de se vestir, e mostrará sensação de medo até caminhar, o que acontecerá por volta 
dos 18 meses. Conforme Alessandra Pereira Marques, é importante brincar com a criança, com um brinquedo de cada vez, como encaixe de peças, para que ela desenvolva os movimentos com as mãos. Aos dois anos, a criança já interagirá com as pessoas, com os objetos, e mostrará comportamento desafiador, então será preciso colocar limites, porque a criança preciso disso. Até aí a socialização será com os pais e familiares. Será um período de desenvolvimento da linguagem, que é um dos marcadores do desenvolvimento.

A doutora Alessandra Pereira Marques encerrou sua palestra fazendo dois avisos:
1 - A criança deve ter uma exposição máxima diária de uma hora a telas eletrônicas, porque mais do que isso prejudica o seu desenvolvimento;
2 - A criança deve passar por exames regulares de audição e visão, para identificação de possíveis atrasos de desenvolvimento com antecedência. 

O próximo curso do gênero acontecerá no dia 3 de dezembro, na sede do Simers, 
em Porto Alegre. 

• SÁBADO, DIA, 03/12:

09h00 - Segundo semestre
Introdução alimentar
Palestrante: Bruna Brandt (Fonoaudióloga)

10h00 Segundo ano
Aquisição da linguagem
Palestrante: Bruna Brandt (Fonoaudióloga)

11h00 Desenvolvimento
Palestrante: Tatiana Hemesath (Psicóloga).

Tags: Médicos Medicina

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