O Núcleo de Psiquiatria do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) emitiu um novo alerta sobre a grave crise na rede de saúde mental do estado, especialmente na capital. O cenário, segundo a entidade, é preocupante e exige respostas urgentes por parte das autoridades públicas, diante de episódios recentes que escancaram o despreparo estrutural e humano para lidar com pacientes em sofrimento psíquico.
Nos últimos 15 dias, dois casos emblemáticos chocaram a opinião pública e reforçam o apelo do Simers por serviços especializados, 24 horas por dia, de portas abertas. O primeiro foi o caso conhecido como “o da mala”. O segundo foi a morte de Herick Cristian da Silva Vargas, de 29 anos, baleado por policiais militares durante uma ocorrência no bairro Parque Santa Fé, em Porto Alegre, na tarde da última segunda-feira (15). De acordo com a família, Herick tinha esquizofrenia. O caso levantou questionamentos sobre o despreparo no manejo de pessoas com transtornos mentais em situações de crise.
“Pessoas que estão doentes estão sendo mortas. Dependentes químicos estão sendo mortos. Quando, na verdade, precisam de tratamento, de acolhimento. Fechar a porta da emergência é alargar a porta do cemitério”, afirmou o psiquiatra Ricardo Nogueira, coordenador do Núcleo de Psiquiatria do Simers.
Além disso, o recente fechamento do Instituto Psiquiátrico Forense (IPF), em Porto Alegre, agravou o cenário. Pacientes de alta periculosidade, que até então estavam sob custódia e acompanhamento especializado, foram liberados para residências terapêuticas ou, em alguns casos, diretamente para suas casas. A medida, segundo o Simers, foi tomada sem estrutura adequada para garantir segurança à população e cuidado aos pacientes.
“Estamos vendo um desmonte da rede de atendimento sem que haja alternativas seguras. Profissionais não têm treinamento suficiente, serviços estão fechando e a sociedade paga um preço muito alto por essa negligência. Esse debate precisa sair do papel e vir para a realidade”, reforça Nogueira.
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O Simers defende a manutenção e o fortalecimento das emergências psiquiátricas, com funcionamento 24h, equipes multidisciplinares, psiquiatras presentes e estrutura para conter crises graves. A entidade médica também cobra a capacitação das forças de segurança pública e dos profissionais da saúde, para que saibam lidar de forma humanizada e eficaz com pacientes em sofrimento psíquico.
Para o Simers, a ausência de política pública sólida e o esvaziamento dos serviços especializados resultam na criminalização da doença mental e em episódios fatais que poderiam ser evitados.
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