Um relatório detalhado da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH), concluído no último dia 20, inocenta os profissionais médicos das Unidades de Pronto Atendimento Centro e UPA Canudos de qualquer irregularidade, e aponta conduta inadequada por parte do vereador Joelson de Araújo durante visita surpresa às duas unidades de saúde na madrugada do dia 21 de janeiro de 2025.
O caso gerou grande repercussão no município após o parlamentar adentrar espaços restritos das unidades, sem aviso prévio e sem se identificar formalmente.
Em resposta ao episódio, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) e o Sindicato dos Médicos de Novo Hamburgo (SinMedNH) encaminharam um ofício à Câmara Municipal no dia 24 de janeiro, solicitando a abertura de um procedimento administrativo para apurar possíveis infrações éticas e de decoro parlamentar.
Relatório isenta médicos e critica conduta do vereador
A sindicância da FSNH ouviu profissionais das duas unidades, analisou imagens e documentos, e detalhou o contexto da visita do vereador. No caso da UPA Centro, a equipe havia acabado de enfrentar um atendimento crítico. Mesmo diante dessa situação emocionalmente desgastante, o vereador entrou no local, sem autorização, dirigindo-se diretamente à sala de descanso dos médicos.
Na UPA Canudos, a abordagem foi apenas ligeiramente mais formal, com o vereador se apresentando na recepção, mas, ainda assim, sem comunicar a coordenação da unidade ou seguir protocolos institucionais. O comportamento, segundo o relatório, manteve o mesmo foco em "fiscalização da conduta dos médicos", sem atenção às demandas estruturais ou assistenciais da unidade.
O parecer jurídico final, assinado pela assessoria superior de assuntos jurídicos da FSNH, corrobora o relatório da sindicância e enfatiza que não foram identificadas irregularidades nos plantões ou escalas de descanso dos profissionais. Pelo contrário, a prática adotada é considerada adequada e necessária em serviços de urgência que funcionam 24 horas.
Além disso, o relatório aponta falhas institucionais na recepção e condução de visitas de autoridades, recomendando a criação de um protocolo formal para esses casos, com definição clara de limites de acesso, responsabilidades e fluxos. Também é sugerida a formalização do sistema de revezamento dos médicos e o fortalecimento de medidas de proteção aos profissionais, sobretudo no período noturno.
Entre as conclusões, o parecer destaca que o tempo de espera nas unidades — ponto explorado pelo vereador — está mais relacionado à morosidade na liberação de exames laboratoriais e de imagem do que à atuação dos médicos.
Infrações de decoro e pedido de apuração
A atitude do vereador Joelson de Araújo, segundo os sindicatos médicos, infringe o artigo 16 do Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Novo Hamburgo, que considera transgressão grave o abuso das prerrogativas parlamentares e a falta de respeito aos serviços e servidores públicos municipais.
Diante da gravidade dos fatos e da ampla repercussão pública, os sindicatos solicitaram a abertura de um processo administrativo disciplinar e aguardam manifestação oficial da presidência da Câmara.
Simers e SinMedNH defendem que o episódio sirva de alerta para a valorização e o respeito aos médicos, que enfrentam condições adversas diariamente para garantir atendimento à população.
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