É só uma picadinha no calcanhar. Assim é feito o Teste do Pezinho, nome popular atribuído ao Teste de Guthrie, assim nomeado em homenagem ao médico Robert Guthrie. O exame é tão importante que ganhou uma data comemorativa - 6 de junho: Dia Nacional do Teste de Pezinho - instituída pelo Ministério da Saúde. No entanto, todo o mês de junho reforçará a importância do teste.
Trazido ao Brasil pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) em 1976, o exame de triagem neonatal é obrigatório e gratuito no país desde 1992. Atualmente, a versão básica do teste, oferecida na rede pública de saúde de todo o país, detecta seis doenças: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, fibrose cística, anemia falciforme, hiperplasia adrenal congênita e a deficiência de biotinidase. As duas últimas da lista foram incorporadas ao teste em novembro de 2013. Na rede privada, a maioria das maternidades oferece o teste ampliado, que na versão conhecida como Mais, diagnostica mais quatro doenças, além das mencionadas na versão básica: deficiência de G-6-PD, galactosemia, leucinose e toxoplasmose congênita. Há ainda o teste Super, capaz de detectar até 48 patologias.
“O exame é fundamental na vida do recém-nascido, pois identifica precocemente doenças que são passíveis de tratamento. Quando esse tratamento é feito antes das manifestações dos sintomas o resultado é muito favorável”, destaca a médica geneticista Carolina Moura de Souza. O Teste do Pezinho deve ser feito após as primeiras 48 horas do bebê e até o 5º dia de vida.
Doenças detectadas pelo Teste do Pezinho básico:
1. Fenilcetonúria - doença congênita na qual o sistema digestório do bebê não consegue digerir a fenilalanina, uma proteína presente em alimentos como ovos e carne, que, quando não digerida pode se tornar venenosa para o organismo, provocando comprometimento neurológico no desenvolvimento da criança.
2. Hipotireoidismo congênito - doença na qual a tireoide do bebê não consegue produzir quantidades normais de hormônios, podendo prejudicar o crescimento do bebê, assim como provocar retardo mental, por exemplo.
3. Anemia falciforme - problema genético que causa alteração na forma das células vermelhas do sangue, reduzindo a capacidade para transportar oxigênio para as várias partes do corpo, podendo provocar atrasos no desenvolvimento de alguns órgãos.
4. Hiperplasia adrenal congênita - doença que faz com que a criança tenha uma deficiência hormonal de alguns hormônios e um exagero na produção de outros, que pode provocar crescimento excessivo, puberdade precoce ou outros problemas físicos.
5. Fibrose cística - problema que leva à produção de uma grande quantidade de muco, comprometendo o sistema respiratório e afetando também o pâncreas.
6. Deficiência de biotinidase - problema congênito que provoca a incapacidade de o organismo reciclar a biotina, que é uma vitamina muito importante para garantir a saúde do sistema nervoso. Dessa forma, bebês com este problema podem apresentar convulsões, falta de coordenação motora, atraso no desenvolvimento e queda dos cabelos.