Trote Solidário: em Caxias do Sul são arrecadadas centenas de quilos de alimentos em três supermercados
Calouros do curso de Medicina da Universidade de Caxias do Sul (UCS) sensibilizaram moradores dos bairros Kayser, Nossa Senhora de Lourdes e São Leopoldo na manhã de sábado (18)
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20/03/2017 13:27
Calouros do curso de Medicina da Universidade de Caxias do Sul (UCS) sensibilizaram moradores dos bairros Kayser, Nossa Senhora de Lourdes e São Leopoldo na manhã de sábado (18)
Centenas de quilos de alimentos não-perecíveis já estavam garantidos para o Banco de Alimentos de Caxias do Sul ainda na manhã de sábado (18), quando o Trote Solidário promovido pelo Núcleo Acadêmico (NAS) do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS) estava recém na metade do período previsto de arrecadação. Cerca de 50 estudantes de Medicina da Universidade de Caxias do Sul, a maioria em semestres iniciais do curso, deixou de lado as atividades familiares, acadêmicas e até de lazer para sensibilizar os moradores de três bairros do município da Serra.
Os clientes dos supermercados da rede Andreazza dos bairros Kayser e Nossa Senhora de Lourdes e do Multimercado Condor do bairro São Leopoldo foram abordados com convites para doar uma fração de suas compras.
“Uma senhora nos disse que tinha a ideia de que trote era algo negativo e violento, mas que agora teve uma boa surpresa com o nosso trabalho. A própria UCS, no primeiro contato com os novos alunos, deixou claro que quer formar médicos cada vez mais humanos. Acredito que este seja mesmo o caminho”, revelou o estudante André Florian, 18 anos, do segundo semestre, postado na unidade do Andreazza do bairro de Lourdes.
Ao lado das colegas Thaís Hunoff Ribeiro, 18, e Renata Simoni, 19, ambas do primeiro semestre, estava cumprindo uma média de um carrinho de compras abastecido a cada hora. “Está sendo muito legal. Um senhor ficou tão feliz com a ideia, que além da doação, nos deu até chocolate”, contou Thaís.
No bairro São Leopoldo, o metalúrgico João Adelar da Silva, 60 anos, não se acanhou diante da crise que ronda os trabalhadores do setor e contribuiu com um quilo de arroz e dois de açúcar. “Temos de ajudar quem precisa. Fiquei muito impressionado com o que ocorreu em São Francisco de Paula e acredito que esta iniciativa possa fazer chegar algo para eles”, comentou, referindo-se ao município vizinho atingido por intensa tempestade no início da semana.
A aposentada Maria Salete Capitani, 61, achou uma brecha no orçamento para deixar um quilo de massa no carrinho do Trote Solidário. “Sempre se pode ajudar um pouquinho”, declarou.
Já entre os estudantes, houve a descoberta de um aspecto diferente na experiência de aproximação com o trabalho voluntário. “É uma oportunidade para quem vem de outras cidades participar da comunidade de Caxias do Sul. A gente vê que não é fácil pedir doações. Mas, por outro lado, também vemos que muita gente que poderia não ajudar no momento, acaba participando”, ponderou Letícia Bauer, 18 anos, aluna do primeiro semestre e natural de Brochier, município vizinho a Montenegro.
No bairro Kayser, em um carrinho onde já havia um fardo com 12 caixas de leite, o vendedor Rafael dos Anjos, 20 anos, depositou mais cinco quilos de arroz. “É bom ajudar. Sempre”, resumiu. Para a vice-presidente do NAS-Simers, Giulia Reichert, veterana de mais de três edições de Trote Solidário, além de engajar os estudantes de Medicina e reforçar os estoques dos bancos de sangue e alimentos dos municípios envolvidos, a iniciativa tem um impacto positivo adicional na própria cultura da população:
“É um contraponto aos trotes sujos e violentos que existiam antes e não traziam nenhuma contribuição à sociedade. A cada ano vemos que o pessoal se sente estimulado a contribuir e, de um tempo para cá, até tende a nos procurar para organizar as próximas edições. As pessoas têm interesse em ajudar suas regiões e buscam o apoio do Trote Solidário”, finalizou.
Saiba mais
Na edição de 2016, o projeto contabilizou 832 bolsas de sangue, que beneficiaram mais de 3,3 mil pessoas (cada doação de sangue pode salvar até quatro vidas) e arrecadou 34,6 toneladas de alimentos não perecíveis, que foram encaminhados ao Banco de Alimentos do RS. Em 2015, foram 713 bolsas de sangue e 34 toneladas de alimentos.
Promovida desde 2008, a ação do NAS-SIMERS é uma parceria com turmas de veteranos das faculdades de Medicina e se tornou a maior iniciativa de recepção aos alunos que recém ingressaram em universidades. O projeto venceu, em 2013, o prêmio TOP Ser Humano RS, promovido pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RS). Em 2014, o Trote Solidário arrematou o TOP Ser Humano Nacional, da ABRH Brasil.
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