09/05/2016 09:16
Uma em cada quatro mães tem depressão pós-parto no Brasil. Esse foi o resultado verificado em uma pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz. Foram entrevistadas mais de 23 mil mulheres e o estudo mostrou que 26,3% delas tinham sinais da doença.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), esse índice é de 19,8% no mundo, e a doença atinge, principalmente, mulheres de baixa renda. A média brasileira, segundo a OMS, é maior do que a registrada nos Estados Unidos, na Austrália e em alguns países da Europa.
Os dados apontam para a importância de se abordar o assunto, bem como buscar o correto tratamento destas mulheres. De acordo com o chefe do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Sergio Hofmeister Martins-Costa, a depressão pós-parto é caracterizada pelo surgimento de sintomas depressivos neste período. “A paciente sente-se muito triste, chora o tempo todo, mesmo sem motivo aparente, às vezes fica inapetente, outras vezes sem ânimo para sair e levantar da cama”, explica.
Para Martins-Costa, durante o pré-natal já é possível verificar sinais de tristeza ou depressão. Nos Estados Unidos, um grupo de médicos especialistas em serviços preventivos propôs o rastreamento sistemático de doenças mentais na maternidade. A recomendação acompanha evidências que indicam a presença da doença em 13% das gestantes e entre 10 e 15% nas recém mães. “É importante que durante o pré-natal o médico esteja alerta para os sintomas. O histórico pessoal ou familiar de depressão deve ser valorizado, pois aumenta o risco de ocorrer depressão após o parto, que é o período de maior risco”, garante.
Para isso, o papel do médico ginecologista e obstetra é fundamental. É ele quem deve diferenciar os quadros chamados de “blues” ou tristeza pós-parto, auxiliando a paciente a superar a fase. “Essa é uma condição muito comum, sem risco maior e que não precisa de medicação, mas sim de orientação. Os casos de depressão, ou mesmo de psicose puerperal, formam um quadro raro, mas muito mais grave. Havendo sinais de depressão se deve recorrer a especialistas nesta área, especialmente psiquiatras, que podem agir quando a situação necessitar de intervenção medicamentosa”, esclarece.
O especialista lembra também da importância da atenção dos familiares, principalmente por que é comum que sintomas associados a doenças psiquiátricas sejam confundidos com desleixo ou falta de vontade pessoal. Conforme Martins-Costa, é tarefa da família identificar sinais de mudança de humor e comportamento e procurar ajuda médica.
Com informações de Zero Hora