“Medicina: a melhor profissão que existe”
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“Medicina: a melhor profissão que existe”

Neste 18 de outubro, Dia do Médico, o Simers homenageia todos que escolheram a profissão e atuam incansavelmente no sentido de prevenir e combater doenças. A entidade não esquece aqueles que há anos atuam e dignificam a profissão.

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18/10/2022 05:00

Neste 18 de outubro, Dia do Médico, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) homenageia todos que escolheram a profissão e atuam incansavelmente no sentido de prevenir e combater doenças, manter a qualidade de vida e promover o bem-estar, seja individual ou coletivo. Nesta data os diretores do Sindicato estão em diversas frentes valorizando a categoria, seja no questionamento aos postulantes do Piratini, defendendo bandeiras no Congresso Nacional ou em ações junto aos governos municipais, hospitais e Justiça.

 

Mesmo com o foco nos direitos e condições de trabalho, a entidade não esquece aqueles que há anos atuam e dignificam a profissão. Este é o caso de Arnaldo Costa Filho. Traumatologista, médico do trabalho, fisiatra, que completou 100 anos no último dia 29 de setembro. Uma vida dedicada à Medicina até os seus 92 anos, um amor à profissão que lhe rendeu e ainda traz todo o reconhecimento de seus pacientes, alunos, familiares e amigos.

 

O pioneirismo faz parte da trajetória do médico gaúcho Arnaldo Costa Filho. Primeiro médico gaúcho contratado por um time de futebol profissional no Estado, um dos precursores da Escola Superior de Educação Física do RS, autor de trabalho inédito na literatura médica mundial. Uma vida voltada à prática e aos ensinamentos sobre a Medicina, profissão a qual ele tem a honra de ter escolhido. “A Medicina me fez um homem feliz”, afirma o pai de Adriana, 64 anos, e viúvo de Esther há oito anos, com três netos e um bisneto.

 

Baú de lembranças

 

Lúcido e com excelente memória, Arnaldo relata suas histórias com vivacidade e, muitas vezes, com a voz cheia de emoção. E entre tantas narrativas guardadas em seu baú de lembranças, ele mesmo ri quando fala sobre a primeira vez que viu sangue. Com a alma leve de quem sabe da importância de achar graça de si mesmo.

 

“Aos 11 anos, meu pai queria que eu aprendesse a castrar os animais da família. Mas eu desmaiei na primeira vez que vi o procedimento!”, relata ele com boas gargalhadas. Ao mesmo tempo em que transparece nos olhos a nostalgia da infância e juventude, mostrando com carinho a foto da casa onde nasceu, localizada próxima à Santa Casa, ainda quando Porto Alegre era só estrada de chão e veículos de tração animal.

 

E foi nessa idade que Arnaldo voltou à casa dos pais, depois de residir por oito anos com uma família de criação, que o acolheu em São Francisco de Paula. Uma decisão que tinha como objetivo ajudar no tratamento contra a então mortal tuberculose. “Naquela época, essa cidade era considerada com o clima ideal para a cura de doenças respiratórias”, explica.

 

O pai de coração foi Odon Cavalcanti Carneiro Monteiro, intendente do município — hoje o equivalente ao prefeito — e também subchefe de Polícia da 4ª Região do Estado. Uma convivência que ele descreve com admiração, por ter tido a oportunidade de participar de momentos históricos ao lado do influente político. Como, por exemplo, a demarcação da atual divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

 

Lupicínio e a música

 

Mas não foram apenas dessas páginas da história rio-grandense que Arnaldo fez parte. Durante a Segunda Guerra Mundial, o então jovem estudante de Medicina conviveu no Almoxarifado do Exército com Lupicínio Rodrigues, nosso ilustre cantor e compositor.

 

Uma amizade que se consagrou em estrofes, sugeridas pelo próprio Costa Filho para a música Dona Divergência. “O ambiente da guerra e dos fuzis inspiraram Lupicínio a escrever a canção, que nasceu como um pedido de paz”, recorda.

 

E o convívio com o músico gaúcho também é motivo de homenagem, uma vez que o médico até hoje canta as suas músicas nas apresentações ao lado do grupo Médicos e Músicos.

 

Medicina e esporte

 

Com toda a certeza, a Medicina está entre as páginas douradas da biografia de Costa Filho. Formado em 1947 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o médico atuou como especialista nas áreas de traumatologia, fisiatria e medicina do trabalho, com destaque para a área de esportes.

 

Para se ter uma ideia da notoriedade da sua trajetória, entre tantos feitos está o título de campeão gaúcho pelo Grêmio Esportivo Renner, em 1954. Equipe na qual atuou como o primeiro médico remunerado de um time de futebol, no RS.

 

“Foram tempos gloriosos, quando se atuava apenas na observação. Mas, vejo a evolução da Medicina, ao longo das décadas, e acho maravilhoso. Hoje em dia, a situação física do jogador está nas mãos do médico com apenas um exame de sangue”, ressalta com a empolgação de quem valoriza os avanços na área.

 

Mas a sua ligação com o esporte não foi apenas no antigo clube da série A. O professor Costa Filho, como também é conhecido, ajudou a tornar realidade a Escola Superior de Educação Física (Esef-RS), na época ligada ao Estado. Lá, foi catedrático de Anatomia até 1989, reconhecido com carinho pelos alunos que passaram pelo curso.

 

E como médico do esporte, contabiliza no seu currículo mais de 500 meniscectomias — procedimento cirúrgico para remover todo ou parte do menisco, em jogadores e atletas nos três estados do Sul do país. Para se ter uma ideia da relevância da sua participação nesse campo de atuação da Medicina, graças às experiências e pesquisas do médico foi possível estabelecer os prazos mínimos para o retorno do atleta às atividades esportivas, no pós-cirúrgico, ainda hoje aplicados.

 

Sem falar no seu conhecido trabalho intitulado “Tumor de Célula Gigante do Menisco do Joelho”, cadastrado como o único caso na literatura médica mundial. “Acho que cumpri com a minha obrigação como profissional e fiz o que pude”, destaca o porto-alegrense centenário.

 

“Amor à profissão”

 

Quando perguntado se ele dá conselhos aos jovens médicos, ele afirma com o olhar mais do que seguro: “Vocês vão entrar na melhor profissão que existe, uma das primeiras. Então, sempre tratem as pessoas com carinho, pois a satisfação que se tem quando conseguimos resolver o problema do paciente e impagável”.

 

E quando o assunto é longevidade, será que esse amor todo à profissão contribuiu para romper a barreira do tempo? “Com certeza, ajudou muito e sei que é uma vitória viver tanto. E também agradeço a minha família que, apesar de pequena, foi fundamental”, garante o médico.

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