Crise na saúde chega à nefrologia
A Luta

Crise na saúde chega à nefrologia

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01/09/2016 15:15

hemodiálise23 Faz 4 anos que o valor do reembolso da sessão da hemodiálise está congelado no país. Há 14 anos a tabela do SUS para diálise peritoneal não é reajustada. Isso traz como consequência a deterioração progressiva das clínicas de diálise e o fechamento até agora de três delas no Rio Grande do Sul. O estado possui 70 clínicas de diálise, responsáveis pelo atendimento de 5.500 pacientes crônicos em programa de diálise (hemodiálise e diálise peritoneal). No Brasil são 112 mil pacientes em diálise, 84% deles com tratamento pelo SUS. E estamos observando regiões sofrendo de desassistência grave, de onde pacientes precisam se deslocar por horas para um tratamento que é feito 3 vezes por semana, que era uma necessidade que não existia. As principais causas de insuficiência renal são hipertensão e diabetes, doenças estas com tratamento conhecido e que poderiam ser evitadas caso os pacientes tivessem acesso aos serviços básicos de saúde. “O paciente quando é diagnosticado com insuficiência renal já se encontra em estado crônico, tardiamente, com uma série de doenças associadas e muitas delas irreversíveis”, destaca a nefrologista Gisele Lobato. Um brasileiro em cada 10 tem algum grau de doença renal. Com o fechamento das clínicas pacientes precisam se deslocar até a cidade mais próxima para conseguir dar continuidade ao tratamento. Foi o que aconteceu com o psicólogo Julio Cesar Stangherlini. Com o fim dos trabalhos da clínica localizada em Canela, Julio é uma as cinco pessoas que percorrem 50 km para realizar hemodiálise em Taquara. “Há cerca de 6 meses perco 7 horas do meu dia na função do tratamento porque levo cerca de 3h para ir e voltar de Taquara mais as 4h próprias para a hemodiálise”, reclama. As unidades hoje que dependem do SUS sobrevivem às custas de empréstimos bancários. Cada sessão de diálise custa hoje R$ 252,00 por paciente. O SUS repassa o valor de R$ 179,00. Esta defasagem prejudica o sistema inteiro de atendimento aos pacientes que necessitam de diálise, pois há incapacidade de reinvestir em manutenção, contratação de pessoal, reposição de materiais e - mais difícil ainda - melhorias tecnológicas. Consequentemente as clínicas de diálise sofrem a ameaça atual de fechamento, com pacientes que ali dialisam precisarem ir em outras clínicas, mais distantes, para se tratar. Muitas destas pessoas são idosas e com vários outros problemas de saúde que tornam este deslocamento mais penoso ainda. Três clínicas já encerraram suas atividades no estado, e outras duas já anunciaram que planejam seu fechamento. Esta dificuldade crescente de acesso ao tratamento irá certamente comprometer a atividade das clínicas restantes, que se sobrecarregam, e prejudicar a sobrevida dos pacientes.  
Tags: Nefrologia Hemodiálise

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