Os médicos do Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (PACS), em Porto Alegre, querem a transferência da atual sede do postão na região conflagrada da Vila Cruzeiro, zona sul, e onde a violência virou rotina, com tiroteios e baleados quase diários. A categoria aprovou, na noite desta
terça-feira (1) na sede do Sindicato Médico do RS (SIMERS), ainda estado de greve e assembleia geral permanente. A condição permite tomar medidas mais fortes a qualquer momento. A primeira medida será oficializar as medidas em documento a ser protocolado nesta
quarta-feira (2) pelo SIMERS no Gabinete do prefeito da Capital, José Fortunati.
No documento, serão listadas as deliberações da plenária, buscando prazos para efetivação das mudanças. "É consenso que o local não não é seguro, que a segurança pública não consegue controlar a situação. Queremos transferir a estrutura a outro local para que os serviços e a assistência à população sejam garantidos.
Hoje é um risco à vida de médicos, demais funcionários e pacientes continuar lá", previne o diretor do SIMERS, Jorge Eltz.
O SIMERS já solicitou que a Secretaria Municipal da Saúde formalize as ações que anunciou na
segunda-feira (29), como a patrulha 24 horas da Guarda Municipal, além de mais seguranças na área interna. O Sindicato e os próprios médicos afirmaram que a vigilância da GM permanente, conforme determinação da Justiça após os episódios de violência
de setembro de 2015 (com tiroteio, baleados e um morto, invasão do PACS e ônibus queimados), não estava sendo feita. No
domingo, após o tiroteio, os próprios funcionários fecharam as portas restringiram o atendimento apenas a casos de risco de morte.
Outra cobrança é que a administração do PACS libere as imagens das 41 câmeras de vídeo internas do Postão, para comprovar as cenas de pânico que são registradas a cada ataque. "O secretário (Saúde) disse que não houve nada disso. Então, ele que mostre as imagens", cobrou Eltz. Entre
terça-feira (23) e o
domingo (28), foram pelo menos três episódios de tiroteio, com feridos. "O que antes ocorria a cada ano, agora é quase diário", desabafou um médico, que admite
ter medo de ir trabalhar no local. Muitos profissionais cogitam parar de atuar no postão e muitos já se inscreveram em banco de remanejo, para serem transferidos a outras unidades onde a violência não coloque vidas em risco. Além disso, o Sindicato cobra que as câmeras são integradas ao centro de monitoramento da própria GM e a da Brigada Militar (BM).
Enquanto ocorria a assembleia no SIMERS, médicos que estavam de plantão no PACS informaram que nova troca de tiros foi ouvida na região. Fotos de perfurações feitas por munição de metralhadora em janelas foram apresentadas na plenária, comprovando os estragos dos últimos ataques. No
domingo, o confronto de grupos criminosos espalhou terror no interior do PACS. Pacientes e profissionais que estavam no local foram alvos das armas dos criminosos no começo da noite.
"As pessoas se esconderam nos banheiros. Pacientes foram alvejados com tiros de metralhadora", recordou um dos médicos que estava no local tentando trabalhar. Ele atendeu baleados. Na sala onde ficam mais de 10 cilindros de oxigênio, a janela apresenta perfuração de bala. "Há risco de explosão", alarma-se um plantonista.