A experiência do médico Sebastião Josino Rodrigues em resgates o levou para uma missão especial no último domingo (27). Ele é um dos voluntários em Brumadinho, Minas Gerais, onde ocorreu o rompimento da barragem da mineradora Vale no dia 25, deixando dezenas de mortos e mais de 200 desaparecidos.
A tragédia ambiental repercutiu no mundo todo e mobilizou o profissional, de Pinhal da Serra (divisa entre RS e SC), que se juntou à equipe dos Bombeiros Voluntários de Presidente Getúlio, em Santa Catarina, para reforçar o socorro e resgate às vítimas. Ele conversou com o Simers direto de Brumadinho, por telefone.
Sebastião foi bombeiro voluntário por muitos anos. Na bagagem, a experiência em tragédias ambientais, como o desmoronamento de Morro do Baú, em Ilhota, no Vale do Itajaí. Também cumpriu missão de paz no Haiti e foi socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A trajetória fez nascer a vontade de fazer ainda mais pelas vítimas que atendia. Foi por isso que ele decidiu que seria médico. “Deixei tudo para fazer Medicina”, conta.
Atualmente, Sebastião é médico de Estratégia de Saúde da Família, alocado em uma Unidade Básica de Saúde de Pinhal da Serra, e está em fase de conclusão da especialidade em Medicina da Família na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Os detalhes da operação em Brumadinho são sigilosos, mas Sebastião revela o sentimento de ser útil em uma situação adversa. “É incrível poder estar aqui ajudando num momento tão delicado. É minha primeira missão como médico e, por isso, o olhar é diferente. Posso ajudar ainda mais, oferecer atendimento imediato no local”, revela ele, que é o único médico da equipe de quase 30 voluntários.
A segurança para a equipe também é fundamental. Embora sejam todos capacitados para os resgates, os colegas confiam no médico para estabilizar as vítimas e oferecer o melhor prognóstico – inclusive para os próprios voluntários. “A equipe também pode precisar de atendimento ou orientação. Em qualquer emergência estou de prontidão”, garante.
A estrutura é outro diferencial apontado por Sebastião. Ele conta que levou consigo remédios e materiais próprios. “Também vim com meu carro e meu equipamento. Trouxemos barraca, veículos, ambulância e toda estrutura necessária. Somos autossuficientes aqui. Temos capacidade para manter o trabalho por 10 dias sem a necessidade de doações”, informa.
A família fica apreensiva, mas orgulhosa do trabalho de Sebastião. Para ele, estar em Brumadinho é uma grande lição. “Estamos numa situação muito complexa, com riscos, com instabilidade e sem os recursos ideais de um atendimento hospitalar, por exemplo. Resgatar uma vida nesse cenário é uma recompensa sem valor”, finaliza.
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