Paulo de Argollo Mendes (*)
A greve dos caminhoneiros, com bloqueios em estradas que geraram desabastecimento, passou. Não sabemos se algo parecido pode se repetir, nem quando ou por quanto tempo. Se a falta de gasolina afetou bastante o dia a dia das pessoas, imagine quando falta sangue para um médico salvar uma vida. Esse fato, que foi um dos efeitos de uma greve que atingiu a mobilidade, compromete as condições para a atuação dos médicos.
Tanto que os primeiros a sentir os impactos da paralisação foram os hospitais, que passaram a comunicar a decisão de cancelar cirurgias eletivas (aquelas agendadas). E por quê? Certamente, os médicos estavam sendo levados a priorizar pacientes entre a vida e a morte, casos de urgência e emergência, devido à queda no abastecimento de hemoderivados (componentes que são processados a partir do sangue). E, a cada bolsa de sangue doada, quatro vidas podem ser salvas!
Se já temos dificuldades para prover bancos ou hemocentros quando não há movimento afetando o transporte, a recente paralisação – Porto Alegre, por exemplo, teve apagão nos ônibus por um dia e sérias restrições nos demais – agregou dificuldades extremas que, sim, comprometeram as condições para os médicos e demais profissionais fazerem o seu trabalho.
Tão logo os postos começaram a receber combustíveis, o Simers lançou um apelo em todo o Estado. A mensagem é singela e clara: “busque o hemocentro ou hospital mais próximo de você e entre nesta mobilização. Abasteça os bancos de sangue com a sua solidariedade”.
A reação foi imediata. Nas redes sociais, muitos marcavam amigos, colegas de trabalho e familiares e compartilhavam a campanha para avisar que estavam atendendo ao pedido dos médicos e indo aos hospitais e hemocentros doar sangue.
Uma das lições dessa greve, que foge da pauta estritamente econômica, é que teremos de pensar em como agir em relação a contingências como a falta de sangue. Como garantir transporte a quem já se solidariza ou pode se sensibilizar para ajudar quem, como os médicos, tem a missão de salvar vidas. Então, doe sangue.
* Médico, presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers)
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