A cada 10 minutos, uma pessoa morre de raiva humana no mundo
A Luta

A cada 10 minutos, uma pessoa morre de raiva humana no mundo

A raiva é um assunto pouco debatido entre os brasileiros. As informações normalmente se restringem apenas a raiva animal, não dando importância a raiva humana, transmitida por animais domésticos e selvagens todos os anos a milhares de pessoas. Segundo a Organização...

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28/09/2016 09:12

A raiva é um assunto pouco debatido entre os brasileiros. As informações normalmente se restringem apenas a raiva animal, não dando importância a raiva humana, transmitida por animais domésticos e selvagens todos os anos a milhares de pessoas. Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 50 mil indivíduos morrem todos os anos de raiva no mundo, principalmente em países da Ásia e África, onde se concentram 95% das mortes pela doença. A transmissão da raiva se dá pela penetração do vírus que está na saliva do animal infectado. Quando ele morde, arranha ou lambe, provavelmente a pessoa é contaminada. O vírus penetra no organismo atingindo o sistema nervoso periférico e, depois, o sistema nervoso central. O problema está neste último estágio, quando o vírus se dissemina para vários outros órgãos e glândulas salivares, sendo eliminado pela saliva da pessoa ou animal que apresenta a enfermidade. A doença é considerada como Antropozoonose por circular entre os animais e ter perigo de transmissão para pessoas. Quando o ser humano é mordido, a enfermidade entra no ciclo acidental e pode ser 100% letal. No Brasil, o último caso registrado de raiva humana foi em maio de 2016 quando um adolescente de 14 anos morreu devido à doença em Roraima, no norte do Brasil. Ele foi arranhado e infectado pelo seu próprio gato que portava o vírus que fora contraído por um morcego. O Rio Grande do Sul vem identificando a presença da raiva mais em felinos. Em 2014, houve registro no município de Capão do Leão e em 2015 em Rio Grande, no Sul do Estado. Porto Alegre teve seu último caso notificado no ano de 1978. O morcego tem sido o grande vilão do vírus por ser hospedeiro, e é ele quem mantem o ciclo aéreo da doença. Este é o motivo da enfermidade se perpetuar entre os animais, e quando o homem é mordido por cão ou gato infectado, acaba por entrar no ciclo. O médico infectologista do Hospital Conceição, André Luiz Machado, alerta para quem for acometido pela doença. “A procura pelo médico deve ser rápida. O primeiro passo é a observação do animal por 10 dias. O médico vai estabelecer os critérios de vacina de acordo com o acidente - se for grave, profundo ou até mais de um ferimento”, salienta o doutor. Machado ressalta ainda que o vírus costuma permanecer nas terminações nervosas, como mãos e pés. Vários procedimentos podem ser adotados quando uma pessoa é exposta a uma mordida, arranhão ou outro tipo de contato. Um deles é aplicar a vacina antirrábica e realizar a observação do animal para verificar se o sintoma vai aparecer. Segundo a veterinária e técnica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde do RS (CEVS-RS), Ana Tartarotti, os animais reagem diferente quando contraem a doença. “O gato e o cachorro morrem em até dez dias após contaminado com o vírus, ou seja, podemos identificar se eles estão contaminados enquanto a pessoa recebe o tratamento após ser infectada – que são cinco doses em dias diferenciados de uma vacina específica”, ressalta a veterinária. É uma vacina aplicada via intramuscular que vai ativar o sistema imunológico. Em diversos casos, a opção é apenas pela observação do animal, o que ocorre quando o bicho é conhecido e tem todas as vacinas em dia. A veterinária ressalta ainda que que existem animais com baixo risco de contração da doença, como ratos e coelhos. Mas uma vez que o vírus atinge o sistema nervoso central, a raiva não tem cura. “Depende do local, da profundidade da mordida, de quanto o vírus foi inoculado, por isso o paciente tem que ser tratado o mais rápido possível”, avaliou Ana. Dentre os animais observados, os morcegos são, provavelmente, os que causam maior preocupação por parte das autoridades de saúde pública. Segundo o Ministério da Saúde, os morcegos são os principais agentes de disseminação do vírus da raiva no Brasil. O animal passou a habitar os centros urbanos devido a facilidade de encontrar comida. Apesar do número alarmante divulgado pela Organização Mundial da Saúde, de que a cada 10 minutos uma pessoa morre de raiva humana no mundo, o Brasil tem diminuído os índices sendo exemplo para outros países. Em 1990, foram confirmados 73 casos da doença dentro do território brasileiro. Depois de 16 anos, este número se reduziu a um, que foi o caso registrado no estado de Roraima. O Rio Grande do Sul não apresenta casos de raiva humana há mais de 30 anos. A notificação é obrigatória, por isso a importância da pessoa se deslocar ao posto de saúde mais próximo após o contato com animal. Desde 2007, o dia 28 de setembro é considerado o Dia Mundial da Luta Contra a Raiva. Estima-se que em suas três primeiras edições, o “Dia Mundial contra a Raiva” tenha sido responsável pela vacinação de mais de 3 milhões de cães e o esclarecimento de quase 100 milhões de pessoas em 125 países.
Tags: raiva humana tratamento

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