A série de reuniões deliberativas acerca da grave crise do Instituto de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (IPE-Saúde), realizadas pelos diretores regionais e delegados do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) no interior do Estado, chegou ao município de Venâncio Aires, na região dos vales do Taquari e Rio Pardo, nesta quarta-feira, 22. Os encontros têm servido para apresentar a situação da autarquia, que desde 2011 não reajusta os honorários por procedimentos hospitalares pagos aos médicos, a união com outras entidades médicas (Amrigs e Cremers), contatos com o governador e secretários estaduais e ouvir os relatos e sugestões.
A reunião foi conduzida pela diretora da Região Norte do Simers, Sabine Chedid e coordenada pelo delegado da Entidade médica em Venâncio Aires, Giuliano Steil. Os representantes ouviram as demandas dos médicos na cidade, que deixaram claro o descontentamento em relação aos atendimentos por meio do IPE Saúde, tanto em razão dos baixos valores pagos pelos honorários, como pela falta de incentivo e apoio do instituto. “O sindicato vem fazendo, nos últimos quatro anos, inúmeras reuniões com o IPE Saúde, em busca de soluções. Agora, estamos em uma grande campanha para nos unirmos ainda mais, para mostrar que os profissionais do interior também estão descontentes”, relatou Sabine.
Por maioria, os cerca de 20 médicos presentes na reunião optaram pelo descredenciamento coletivo do IPE Saúde, caso o Governo do Estado não apresente soluções para os problemas. Recentemente, a diretoria do Simers apresentou quatro demandas ao governo que, se espera, estejam na reestruturação que deve ser anunciada pelo Estado até o dia 31 de março.
Uma delas é a atualização da tabela de honorários (CBHPM) para 2022, que atualmente corresponde a 2008, com valores praticados desde 2014. Também estão na pauta a desburocratização no credenciamento, flexibilização para a abertura de novas especialidades no interior e a indicação de um médico para o conselho administrativo do IPE-Saúde. O Governo do Estado se comprometeu em apresentar uma alternativa até o dia 31 de março.
A crise no IPE-Saúde está impactando diretamente mais de sete mil profissionais que prestam serviço à instituição, o que representa cerca de 20% do total de médicos no Estado. O passivo da autarquia, responsável por atender mais de um milhão de pessoas, é de R$ 250 milhões. O Déficit mensal registrado em 2022 foi R$ 36 milhões, em média. Para evitar que aumente e encontrar alternativas para o futuro do Instituto, o Governo estadual montou um grupo de trabalho para tratar de questões que envolvem contribuições dos segurados e dependentes, até a necessidade de repactuação dos contratos de prestação de serviços entre médicos e o IPE Saúde. O resultado deste trabalho, de acordo com o chefe da Casa Civil e da secretária do Planejamento e Gestão, será apresentado às entidades no final deste mês.
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