O Ministério Público Estadual (MPRS) afirmou, em entrevista coletiva, nesta quinta-feira (6), que denúncias feitas pelo Sindicato Médico do RS (Simers) deflagraram as investigações sobre irregularidades do Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública (GAMP). Uma megaoperação com prisões de dirigentes do Gamp e afastamento de gestores públicos aponta fraudes e desvios no uso de recursos que deveriam sustentar o atendimento da população em dois hospitais, duas Upas e quatro postos.
O Simers levou ao MPRS inúmeras denúncias feitas pelos médicos que trabalham nas unidades administradas pelo Gamp – Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC) e Hospital Universitário (HU), duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e quatro Centros de Atendimento Psicossocial (CAPs). A gravidade do cenário foi relatada em dossiê divulgado na imprensa pelo Simers em maio de 2017 (confira aqui).
Os promotores públicos de Canoas que participaram da operação destacaram que o início das investigações desta operação envolvendo o Gamp (Operação Megasena), deve-se às denúncias feitas pelo Simers. No primeiro momento, envolvendo falta de medicamentos e materiais básicos nos hospitais. Outra denúncia encaminhada pelo Simers, enfatizada pelos promotores, envolve ainda a falta de materiais e medicamentos na UTI neonatal do Hospital Universitário.
"Finalmente, a máscara caiu", resume a presidente em exercício do Sindicato Médico, Maria Rita de Assis Brasil, que considera que a entidade cumpriu sua responsabilidade com a saúde e sua categoria ao levar tudo à investigação. "Hoje vemos a situação caótica da saúde, com falta de verbas, atrasos e restrição no atendimento. É lamentável que isto ocorra", reage Maria Rita.
Desde que assumiu a gerência dessas unidades, o Gamp falha com pagamentos de funcionários, com a manutenção e reposição de materiais, insumos e medicamentos, além de precarizar as condições de trabalho e o regime de contratação dos médicos. Para piorar, a prefeitura municipal de Canoas, responsável pela contratação e fiscalização do atual gestor, não tomou as providências necessárias para garantir a assistência da comunidade canoense e de outras cidades que utilizam os serviços prestados pelo grupo.
No HPSC, que é referência para mais de 150 municípios, há casos recorrentes de falta de medicamentos básicos, antibióticos e analgésicos, o que coloca em risco a vida dos pacientes. A desassistência resultou em ocorrência policial, feita pelo SIMERS, após vistoria.
Na última quinta-feira (29/11), o Simers constatou a falta de medicamentos, materiais, roupas e alimentos no centro obstétrico do Hospital Universitário de Canoas (HU). Além disso, o hospital carece de alimentos, roupas e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como avental e mangas plásticos. Para completar, o salário dos médicos está atrasado desde outubro.
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