Artigo do diretor-geral do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul e coordenador do Núcleo de Psiquiatria da entidade (NuPsiq – Simers), Fernando Uberti, publicado no periódico nacional Medicina S/A, destaca as graves e latentes demandas envolvendo a assistência em saúde mental e a defesa do Psiquiatra. Texto também aborda a necessidade de mobilização permanente de entidades e sociedade para reverter o grave cenário.
Confira!
Saúde mental além de setembro
FERNANDO UBERTI - Diretor-geral e coordenador do NuPsiq – Simers
Um recente relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde mostrou que, no primeiro ano de pandemia, os casos de depressão e ansiedade aumentaram 25%. Seja como consequência da Covid-19, do medo e do isolamento, são condições que exigem cuidado amplo, especializado e multidisciplinar. No entanto, o mesmo documento indica que apenas 2% dos orçamentos nacionais são dedicados a essa questão.
Situação que precisa mudar, sobretudo agora em que definimos os próximos governantes e legisladores para os próximos quatro anos. É fundamental que haja políticas públicas estruturadas para atender a população que sofre com essas enfermidades, as quais afetam pessoas de todas as idades.
Os efeitos são diversos: prejudicam a vida em sociedade, o trabalho e a relação com a família. Levam o indivíduo a sofrer com outros sintomas e, nos casos mais graves, podem custar a própria vida. Acolher esses pacientes não pode ser uma preocupação apenas no Setembro Amarelo - deve ser prioridade o ano todo.
Cada setor da comunidade deve se engajar nessa questão. O Simers, por exemplo, reforçou suas ações pela saúde mental dos médicos e estudantes. Ainda em 2020, criamos o SIM Mental, plataforma especializada para acolher os profissionais. Agora, fechamos uma parceria com o Centro de Estudos Luís Guedes (Celg), que conta com 50 psiquiatras para atender os colegas.
É preciso, no entanto, um esforço coordenado, envolvendo todos os governos. Cuidar da saúde mental é urgente e necessário. Para tanto, devemos ampliar a oferta de atendimento, sobretudo para a população mais vulnerável. Devemos ainda reforçar políticas de prevenção do suicídio, com caráter permanente.
Que os eleitos do último domingo tenham essa preocupação entre suas prioridades. É possível superar a depressão, a ansiedade e seus efeitos. Mas antes disso, precisamos garantir que as pessoas contem com amparo quando mais necessitam, muito além de setembro.
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