Fim do Serviço de Ginecologia do Hospital Conceição é alvo de críticas do Conselho Municipal de Saúde

Fim do Serviço de Ginecologia do Hospital Conceição é alvo de críticas do Conselho Municipal de Saúde

Em reunião extraordinária com direção do GHC, conselheiros cobraram explicações sobre a falta de debates com a comunidade e a lacuna de desassistência que ficará na Zona Norte

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28/02/2025 14:16

A noite de quinta-feira, 27, foi marcada por um debate acalorado no encontro do Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Porto Alegre sobre o fim do Serviço de Ginecologia do Hospital Conceição. A sessão extraordinária ocorreu após o órgão ser informado pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) da transferência do atendimento para o Fêmina. A direção do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) apresentou as razões da entidade para a mudança e enfrentou severas críticas.

O diretor-presidente e o diretor de Atenção à Saúde do GHC, Gilberto Barichello e Luis Antônio Benvegnú, apresentaram dados e disseram que a transferência traria melhorias no atendimento e que a categoria médica estava reclamando por ser acomodada. A diretora do Simers, Ana Coronel, contestou e informou que o Sindicato foi procurado por médicos, residentes e até pacientes preocupados com a mudança. Lembrou que o Hospital Conceição é referência para atendimentos ginecológicos. Também questionou a capacidade do Fêmina em absorver o serviço, pois as reformas feitas não garantem salas cirúrgicas e de consultas suficientes para atender à demanda que hoje existe no Conceição.

Ana Coronel rebateu a crítica de corporativismo feita pela direção do GHC, afirmando que o Simers foi procurado por médicos apreensivos com a qualidade da formação dos residentes. “Ao colocar duas equipes no mesmo espaço não vai ser ofertado o mesmo serviço e ensino”, enfatizou, completando que evitar a desassistência às mulheres é também um interesse do Sindicato.

A médica Margarete Rosa, que atua hoje no Fêmina, destacou que os residentes definem em qual hospital querem atuar e os que escolheram pelo Conceição têm o direito de fazer a formação na instituição. Uma das residentes do Conceição relatou as intercorrências que podem ocorrer durante um parto - a instituição segue com o Serviço de Obstetrícia. Uma delas é o acretismo placentário, que envolve diversas especialidades médicas, incluindo ginecologia. O Conceição é referência no estado e recebe, inclusive, pacientes do Fêmina. Em 2024, foram atendidos 28 casos com sucesso. Destacou que, a partir de março, partos com hemorragia placentária poderão resultar em óbito da mãe, pois não há como esperar que o profissional de sobreaviso seja acionado. Ela contou que, quando as residentes chamaram a atenção para isso, ouviram que “mulheres morrem, sempre morreram”.

A coordenadora e o vice do CMS, Maria Inês Bothona Flores e Waldir José Bohn Gass, protestaram contra a falta de diálogo da instituição com o Conselho e ressaltaram a importância de haver um controle social. Outras presentes também se pronunciaram, contestando o fim do Serviço de Ginecologia no Conceição, pois a Zona Norte ficará desassistida. Exigiram que as decisões não sejam tomadas em gabinetes, mas debatidas com a comunidade. Em julho, uma nova sessão com a direção do GHC irá avaliar como ficou o atendimento concentrado no Fêmina, caso a transferência não seja suspensa.

 

Tags: GHC Serviço de Ginecologia Hospital Conceição Hospital Fêmina Médicos residentes

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