Ter o filho recém-nascido nos braços e amamentá-lo pela primeira vez. Para muitas mães, não há lembrança mais especial do que essa. Depois de longos meses de gestação, é a hora do encontro. Em 2015, porém, Sarah Whitney, 31 anos, e seu bebê, Kal El, deram um significado ainda mais emocionante a esse momento de conexão.
Kal não era seu único filho e aquela estava longe de ser a primeira vez que amamentava. Podia ser um momento normal, em que uma mãe aleita seu filho, a não ser pela notícia que mudou a gravidez de Sarah. Passadas as 20 semanas iniciais de gestação, ela descobriu que estava com câncer de mama. Mais do que isso, que o tratamento começaria imediatamente. Os planos precisaram mudar.
Ainda durante a gravidez, ela iniciou a quimioterapia e se submeteu a uma mastectomia, em que sua mama esquerda foi removida. A gestante também sabia que, duas semanas depois de dar à luz, seria necessário retomar o tratamento de forma intensa. A amamentação deixaria de ser uma possibilidade.
Não é difícil imaginar por que as fotos da primeira vez em que Kal foi amamentado por sua mãe viralizaram na internet. De um lado do peito, o bebê. Do outro, a cicatriz evidente da cirurgia. Nos olhos, transbordava a emoção de quem realizava um sonho, mesmo que por pouco tempo.
“Eu odiei ser rude e tirar uma foto quando ela estava chorando, mas sabia que ela gostaria de ter uma foto daquele milagre que estava acontecendo”, desabafou Katie Murray, fotógrafa responsável por capturar o momento, em entrevista ao Northwest Florida Daily News.
Conforme lembra o mastologista Rogério Grossmann, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional RS, o câncer de mama em mulheres com menos de 35 anos costuma representar entre 4% e 8% do total de ocorrências. Justamente pela baixa incidência, o diagnóstico precoce não costuma ser uma realidade.
Afinal, é frequente que os sinais de alerta sejam ignorados e de difícil identificação, especialmente pela característica do tecido mamário nessa idade, que é mais denso. A mamografia também não faz parte dos exames de rotina nesta faixa etária. Ou seja, é comum que o nódulo só seja identificado quando já está em estágio mais avançado.
Por conta desses complicadores, Grossmann indica que a mamografia e a ressonância magnética sejam feitas anualmente - e a partir dos 30 anos - por mulheres que se enquadram no grupo de risco. É o caso de quem reúne fatores como mutações genéticas (a exemplo de BRCA1 e BRCA2) e histórico familiar de câncer.
Se a mãe teve a doença aos 40 anos, por exemplo, é importante que a filha tenha cuidado redobrado a partir dos 30. O mesmo vale para a presença de parente em primeiro grau com diagnóstico de câncer de mama (inclusive masculino) ou de ovário. Mas mesmo quem não conta com agravantes de risco pode iniciar os cuidados ainda na juventude. O autoexame de mamas é uma técnica simples e que só exige alguns minutos de cuidado com o corpo.
Basta escolher o momento ideal, como no banho, e examinar as mamas e axilas com movimentos circulares. Vale observar a saída de secreções estranhas do mamilo, a presença de nódulos, a modificação da cor e do volume do seio e a retração de pele. Na dúvida, converse com o seu médico e peça orientação.
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