Conforme estimativa da OMS, apenas 3% da verba da saúde no mundo é destinada a doenças mentais. No Rio Grande do Sul, os recursos para à área são ainda menores e representam 2,02% do orçamento da Secretaria Estadual de Saúde (SES/RS).
A falta de capacidade do sistema público, que inclui investimento mais denso para atender à crescente demanda da população de serviços de assistência médica e hospitalar na área de saúde mental é o que mais preocupa o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS). Entre os principais itens apontados pela entidade, estão o descompasso entre a descentralização do atendimento e, ao mesmo tempo, o aumento de doenças degenerativas, como Alzheimer e, principalmente, o consumo crescente de álcool e outras drogas.
O psiquiatra e diretor do SIMERS Bruno Costa reflete sobre o cenário precário no Estado. “Basta que se caminhe três ou quatro quadras no centro de Porto Alegre para se encontrar mendigos que estão nas calçadas e dormem debaixo de marquises. Muitos deles são doentes mentais”, ressalta. A demanda, muito maior do que a oferta de centros especializados, acarreta em superlotação até mesmo em unidades referência, como Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (PACS), na Capital. “Lá, muitos doentes estão dormindo no chão, esperando vaga para ser internado. Não é o problema de um dia. É algo que se arrasta há muitos anos. E o Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP) há mais de trinta anos sofre a permanente ameaça de fechamento. Só não fecha porque mais de cem pacientes crônicos, cujos vínculos familiares não existem mais, são dedicadamente cuidados por seus funcionários”, afirma Costa. Dados da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), divulgados em 2016, fazem um alerta para medidas urgentes de prevenção e assistência: 30% dos brasileiros irão desenvolver algum transtorno mental e comportamental ao longo da vida. Com a perspectiva, profissionais e entidades de psiquiatria ressaltam a necessidade de políticas públicas efetivas, investimento, qualificação e recursos humanos para atender a população. A diretora de exercício profissional da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul (APRS), Ana Tietzmann, adverte para a desassistência na área. “A frequência de distúrbios mentais entre a população é muito grande e praticamente metade das pessoas que buscam atendimento nas unidades básicas de saúde possui alguma queixa de sofrimento mental”, revela.O Simers utiliza cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para melhorar a experiência de usuário. Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.