O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) esteve reunido nesta quinta-feira, 13, com os médicos do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) de Canoas, para ouvir os relatos da categoria sobre suas condições de trabalho. Entre as irregularidades denunciadas estão a falta de pagamento dos valores referentes às férias, a ausência dos depósitos de FGTS desde agosto do ano passado, a reutilização de materiais que deveriam ser descartáveis (como as pás dos desfibriladores), Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) precários, entre outros.
Para o diretor do Simers Ricardo Pedrini Cruz, a situação é insustentável. “É um problema que extrapola a esfera médica: a comunidade de Canoas está sofrendo as consequências desse descaso. A falta de equipamentos e materiais suficientes prejudicam os atendimentos e certamente colocam os pacientes em risco, inclusive de óbito”, criticou. Os médicos reforçaram o sentimento, relatando momentos em que eles ficaram abalados por não terem os recursos necessários para salvar as vidas. “Já saí mal de plantões, porque não tinha o equipamento necessário nem as condições para fazer o atendimento correto e aumentar a chance de sobrevivência dos pacientes”, lamentou um dos profissionais.
Eles relataram que a manutenção das ambulâncias é deficiente e nunca preventiva, o que leva a ter sempre duas das seis viaturas fora de operação. “Chegamos a ficar sem monitor e sem respirador na ambulância, nossos macacões estão desgastados e perdendo as faixas refletivas. Trabalhamos no trânsito, na BR 116 e na 448, e o uniforme desbotado aumenta significativamente o risco de acidente durante os atendimentos”, alertaram. Segundo o grupo, desde a enchente, apenas um macacão foi reposto e o mínimo necessário para trabalhar com emergências médicas seria ter dois.
Além dessas questões, a base onde se encontra o SAMU, é uma estrutura provisória, de contêiner, instalada em 2018 e até hoje sem previsão de ser substituída pelo ambiente definitivo. “Tivemos o impacto da enchente, que deixou o local ainda pior, estamos convivendo com ratos, infiltrações e condições insalubres de trabalho naqueles espaços”, relataram os profissionais.
O diretor Ricardo Pedrini Cruz disse aos médicos que as autoridades responsáveis pela saúde no município de Canoas, como Prefeitura, Secretaria da Saúde, Secretaria do Meio Ambiente, além do Cremers e do Ministério Público, já tinham sido informados das condições da Base 2. Entretanto, diante da gravidade das irregularidades apontadas, será enviado ofício também ao Ministério Público do Trabalho com relação às questões trabalhistas e o assunto será retomado com os demais entes na busca de uma solução. “O trabalho de vocês é extremamente importante para toda a população de Canoas e o Simers está ao lado de vocês para resolver essa situação. Vamos cobrar dos responsáveis e, tão logo tenhamos alguma resposta, entraremos em contato novamente para atualizá-los dos avanços”, comprometeu-se.
O Simers utiliza cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para melhorar a experiência de usuário. Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.