De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos aproximadamente 1,3 milhão de pessoas morrem vítimas da imprudência ao volante. São cerca de três mil vidas perdidas diariamente nas estradas e ruas. Entre os sobreviventes, as sequelas são comuns.
No Brasil, um dos países com o trânsito mais agressivo do mundo, a missão dos médicos traumatologistas e ortopedistas é desafiadora. O presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – Regional RS (SBOT-RS), Carlos Berwanger, reflete sobre os números e o que eles representam para sua área. “O Brasil ocupa o quinto lugar entre os países com mais mortes nas estradas. Porém, entre os quatro primeiros, três têm populações muito maiores que a nossa. Isto, em números relativos, pode deixar nosso país na segunda colocação”, considera.
O cenário transforma o atendimento de quem trabalha diretamente com traumas. “Quem opta por este tipo de atendimento como sua rotina de trabalho tem de estar preparado para lidar com uma enorme diversidade de situações clínicas, que vão testar diariamente a sua habilidade e conhecimento”, contextualiza Berwanger. Tudo para minimizar as consequências das lesões adquiridas pelo trauma de trânsito.
Há mais de 15 anos atuando com traumatologia em centros de referência para o atendimento de politraumatizados, o especialista relata que com frequência se depara com um volume de vítimas que desafia a capacidade de atendimento.
Os dados mais recentes sobre o assunto, de 2015, mostram que o Brasil registra mais de 40 mil mortes no trânsito por ano e 400 mil pessoas ficam com algum tipo de sequela. O custo ao país é de R$ 52 bilhões, segundo levantamento do Observatório Nacional de Segurança Viária.
“Uma parte considerável destes pacientes apresentará necessidade de tratamento prolongado e outros tantos terão de conviver com sequelas”, aponta Berwanger. Ele destaca ainda que é necessário estar perto para identificar o tempo correto de propor os diversos tratamentos envolvidos, levando a uma melhor evolução.
“O trabalho conjunto entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, laboratório, farmácia, serviço de diagnóstico por imagens e tantos outros, deve funcionar como uma engrenagem. Isto permite aumentar as chances de um desfecho positivo”. Com esta analogia, o presidente explica como é o atendimento às vítimas de acidentes de trânsito. A prioridade é sempre a manutenção da vida e, a partir desta garantia, fazer o possível para que as consequências do trauma sejam reduzidas e permitam a recuperação do indivíduo.
Por isso, o atendimento às vítimas deve ser organizado em etapas, com o objetivo de garantir que os pacientes tenham acesso ao recurso necessário, dentro do tempo ideal, e de acordo com a gravidade de cada caso. Para o presidente da SBOT-RS, uma série de avanços nas condições e técnicas de atendimento já auxiliaram na diminuição do índice de letalidade. “O atendimento pré-hospitalar rápido e organizado, permitiu que pacientes que antes vinham a falecer na cena do acidente, cheguem aos hospitais em condições de serem tratados”, exemplifica.
Para Berwanger, o médico também é importante na prevenção dos acidentes de trânsito. “Como temos uma visão muito próxima das terríveis consequências e do sofrimento envolvido, temos o dever de divulgar e participar de ações efetivas que busquem reduzir este tipo de violência”, explica.
Na sua opinião, medidas como uso de capacetes, cinto de segurança, airbags e até a importância de não combinar o consumo de álcool com direção, devem ser reforçadas diariamente. “Se queremos um futuro mais seguro no nosso trânsito, sejamos protagonistas nas atitudes, nas propostas e na implementação de medidas”, finaliza.
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